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domingo, 17 de abril de 2016

Positivismo apenas na bandeira

  Augusto Comte foi um filósofo francês considerado pioneiro no estabelecimento do Positivismo, corrente de pensamento a qual é considerada como o amadurecimento máximo do espírito humano. Esta perspectiva de evolução está relacionada, segundo o estudioso, às etapas pelas quais a humanidade passou durante sua história. Tais etapas são divididas em três, originado as fases: Teológica, Metafísica e Positiva.
   O primeiro período é considerado o mais arcaico por Comte, sendo caracterizado pelo uso da religião a fim de explicar os fenômenos que envolviam a sociedade. Já o segundo, é aquele em que a filosofia passa a ocupar o lugar antes pertencente à religião, sendo considerado um estado intermediário entre os dois extremos. Por fim, o terceiro e mais desenvolvido período é o positivista, em que a população passaria a fazer uso apenas da ciência visando explicar os impasses presentes no cotidiano.
  De fato, tal perspectiva evolutiva que culminaria neste estágio de ampla utilização da ciência foi responsável por propiciar um enfrentamento da sociedade pelo o que ela é, e não pelo que deveria ser. O pragmatismo positivista encontrou na ordem da nação um caminho adequado para alcançar o progresso, tanto científico como social.
A fim de atingir esse progresso e o manter-lo constante, Comte ressaltou demasiadamente a necessidade de cada membro da sociedade cumprir seu determinado ofício, encaixando-se nos moldes que levariam  à evolução. O desempenho dessas atividades pelos indivíduos aconteceria através do trabalho, surgindo nesse ponto a valorização e importância, na ciência de Comte, de todos os variados tipos de trabalho no conjunto da sociedade.  Vale ressaltar também, a luta do filósofo pela reforma da educação, considerada inadequada nos moldes positivistas. Para o estudioso, deveria haver a quebra do isolamento das ciências, uma vez que o conhecimento é uno.
   Deveras, com tal visão progressista, o Positivismo ganhou inúmeros adeptos ao longo do tempo, destacando-se o Brasil, cuja própria bandeira estampa o lema principal da corrente: "Ordem e progresso".  Todavia, é com pesar que se observa que o movimento filosófico limitou-se muito apenas à bandeira nacional, visto que em vários outros aspectos o país vai de encontro aos princípios de Comte.
   No cenário atual brasileiro, estima-se que a taxa de desemprego está em torno de 10% da população, ou seja, parcela significativa dos trabalhadores ativos se encontram fora do conceito da essencialidade do trabalho. Contudo, esta situação não é devido a falta de vontade pelos trabalhadores, mas pela falta de oportunidade em meio à crise econômica que o país enfrenta. Em verdade, não é objetivo principal do vigente governo do Brasil solucionar tal problema, mas focar na sua perpetuação no poder devido a crise política. Além disso, destaca-se a precariedade da educação brasileira, distanciada demasiadamente do padrão considerado aceitável no Positivismo.
   Em suma, o Brasil apenas estampa na bandeira o lema de Comte, uma vez que se afasta cada vez mais da ordem que levaria ao seu progresso.


Ester Segalla dos Passos - Direito (noturno)

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