Tirando a preliminar vergonha que senti ao assistir a cômica transmissão televisa de meus representantes (mesmo que indiretos, por não terem sido eleitos por mim) proferindo desculpas alheias a real causa de discussão, a legitimidade do mandato da presidenta democraticamente eleita, esses que mantinham o padrão de discurso demagogo, sensacionalista, acrítico e passional - perfil de resumo do brasileiro da mídia comum - afim de cativar o alienado por assim estar em frente à TV sem conhecimento a não ser aquele lhe vendido, me questionei, tendo em vista toda situação política nacional e mundial de decadência do modelo, para alguns populista, em que se encaixa o PT e outros partidos da América Latina: "A que pontos chegamos?"
Resolvi, por então achar esse via a mais interessante e abrangente, começar pela análise do modelo de política aplicado pelo primeiro civil eleito pelo partido dos trabalhadores, em 2002, o Lula. A partir dos estudos proferidos por mim e minha turma de direito na matéria de sociologia, pude conhecer um pouco, o que já me bastou para dissertar o que irá se seguir, a respeito das afirmativas de Comte, o teorizador do positivismo, quanto às "adequadas" políticas sociais a serem aplicadas no dever de se manter a ordem social, assim como se diz em: “Se o povo está agora e deve permanecer a partir desse momento indiferente à posse direta do poder político, nunca pode renunciar à sua indispensável participação contínua no poder moral. Este é o único verdadeiramente acessível a todos, sem perigo algum para a ordem universal, (...)". E assim, estabeleci juntamente ao professor, a conclusão de que a política social aplicada por ele, foi por assim dizer, positivista.
Ou seja, tendo como princípio a já antiga posição ignorante do brasileiro frente aos conhecimentos políticos que lhe são essenciais para o pleno exercício do voto em um Estado democrático de direito, além da aplicação de fato de medidas públicas que mascaravam a ideia de ascensão social e política aos trabalhadores, por manter o subjugo do capital, a figura do representante Lula se tornou um disseminador da moral aos seus eleitores (e esses exerciam de seu poder moral para com os outros que lhe são próximos), o que lhe manteve no auge de poder, entretanto este lhe era instável. E assim afirmo, pois de acordo com a mudança do apoio das massas, acertada graças à reação da oposição política ao produzir denúncias, algumas infundadas, de corrupção por parte de pessoas partidárias próximas daquele que aqui se fala, a sorte pode mudar de lado, porque esta frente de opinião mobilizadora ainda está embasada intelectualmente na moral positivista de se atrelar a honra ao trabalho (a corrupção é imoral): aquele líder (que podem ser mais de um, ou um grupo deles) que discorre sobre a moral muda de nome e identidade. E agora, deseja tirar o poder daqueles que até então detinham do consentimento político para governar.
Sem fazer juízo de valor acerca do modelo político, e das frentes divergentes e comuns que esses diferentes lados (a situação e a oposição) têm e pretendem dar continuidade ou início agora a partir dessa decisão que ainda será somada a do Senado, este excerto teve como intuito se utilizar do questionamento dos preceitos positivistas para análise do governo até então seguido, que começou por Lula, mas que foi continuado pelo mandato de Dilma Rousseff. Não obtive qualquer conclusão a partir do meu desenvolvimento crítico, ou até o momento em que se escreve a efetiva confirmação histórica do decorrer dos acontecimentos sobre "quem sai ou fica", mas o que se pode afirmar, é que independente disso, ao se seguir o modelo de política social positivista sem participação popular no poder político, não podendo ser substituída apenas pelo poder moral como afirmou Comte, a situação dos trabalhadores tende a permanecer de submissão total ao Estado e o desenvolvimento social é adiado ao futuro julgado erroneamente próximo.
Luana A. Marachini - Aluna do curso de direito da UNESP (período noturno)
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