“Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual”
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual”
Max Gonzaga em sua obra prima “Classe Média” revela
o cotidiano de uma classe embrutecida no sistema capitalista. Mas será que
apenas a classe burguesa transformou seu modo de vida ao seu sistema de
produção? Nos últimos anos esta ordem produtiva se popularizou de tal forma,
que mesmo os desprovidos de renda considerável adaptaram seu orçamento aos
ideais consumistas.
O indivíduo então reside em um barraco, em meio
à favela, segregado do ambiente nobre cultural da cidade, não tem acesso à
educação de qualidade, sua saúde é precária, está cercado por drogas e
violência, mas dentro de sua casa, ele assiste calado à novela das 8 da Rede Globo
em sua televisão de plasma de 40 e tantas polegadas comprada com carnê das
Casas Bahia. O mundo econômico cerceia seus costumes, seus princípios seus
pensamentos e seu agir, de tal forma, que lhe é impossível fugir desta vida.
Para ele não há escapatória, não há forma de vida além desse modo consumista de
ser.
Karl Marx traduz essa transformação socioeconômica no “Manifesto
Comunista”, em que o capitalismo amplia seus horizontes, deixando de ser apenas
um modo de produção isolado nas indústrias, para se tornar o modo de vida da
humanidade. Prolifera, cresce, progride, cria uma epidemia, a da superprodução que
todos estão contagiados, e que se contaminam e transmitem exponencialmente à
toda população, à todas as classes.
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