Em As Regras do Método Sociológico, Émile Durkeim analisa a Sociologia por meio da investigação do que representaria o fato social. Segundo ele, fato social seria toda a maneira de agir, de pensar e de sentir exteriormente a cada indivíduo. Dessa forma, a convenção social determina uma certa expectativa do corpo social a certos padrões reconhecidos na sociedade. A educação, a partir disso, executaria importância fundamental na perpetuação desses ditames, uma vez que contribuiria na formação do “ser social".
Para Durkheim, não basta a análise de um ato individual desvinculado do âmbito coletivo, esse ato deve estar estendido ao meio social. Por isso, ao considerar o ato de casar como um fato social, ele assim o atribui não por si só, individualmente , mas como uma forma de reprodução de conduta e de regras na sociedade, ou seja, uma convenção advinda de uma perspectiva socialmente reconhecida. Assim sendo, ninguém casaria por livre e espontânea vontade.
Há diversos fatos ocorrendo nas grandes cidades que paulatinamente vão se consolidando como sociais, na medida em que ocupam o universo da coletividade e, além disso, acabam caindo na ideia de habitualidade, normalidade, algo instituído desde tempos longínquos, como o casamento. A cena frequentemente encontrada nos centros urbanos, uma criança catando lixo para comer, enquadra-se nessa denominação, pois, perderam-se o senso de indignação e de questionamento a respeito de um fato que parece ser conduzido cotidianamente como algo ditado pelos novos padrões ou novas regras de sociabilidade inerentes a consciência humana.
Em o Ensaio sobre a cegueira, José Saramago trabalha o colapso da percepção dos fatos sociais sob o olhar do homem moderno. Verifica-se, dessa maneira, que a dificuldade de enxergá-los está na incapacidade de olhar o outro, seja pela falsa percepção da imutabilidade das estruturas vigentes, seja pelo condicionamanto comportamental do homem desde o seu nascimento.
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