"[...]Não me venham com conclusões!("Lisbon revisited [1923]" de Álvaro de Campos, in "Mensagem" de Fernando Pessoa)
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Das ciências, das artes, da civilização moderna![...]"
Seguindo o
movimento cientificista que chegara na Europa com o Renascimento do século XVI,
Francis Bacon pauta sua obra na obtenção e manutenção do conhecimento. Em sua obra
máxima “Novum organum”, ou “Um Novo instrumento da ciência”, o britânico, com filosofia
utilitarista marcada por verdadeiro culto ao empirismo duradouro, critica
duramente filósofos puramente teóricos, coloca em xeque a dialética clássica e,
até mesmo, enumera o que considera a “cura da mente humana”.
Partindo de tais pressupostos, elucidados
há não menos que quatro séculos, reflitamos: seríamos, homens, meros conjuntos
que podem ser retificados com um “passo a passo”? Criatividade, Espontaneidade,
Aforismos simples, estão, portanto, excluídos das ciências humanas?
Definitivamente, vive-se contexto
diferente. Na ebulição das ciências, Bacon busca, no popular, “separar o joio
do trigo”; o que pode ser considerado conhecimento cientifico e o que não
transcende o senso-comum. Foi um passo importante. Contudo, faz-se difícil a
transposição literal de tais ideais no atual âmbito de globalização e
verdadeiro sincretismo cultural. Ditos populares, cultura inútil, poetas
clássicos e música ocupam o mesmo espaço, até mesmo de forma harmônica.
Sabemos, hoje, ser pretensão tratarmos
sociedade e conhecimento como meros organismos exatos. A loucura da “mente
humana” continua sem cura...
Eduardo
Matheus Ferreira Lopes, Direito diurno.
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