A mente humana é bombardeada constantemente por fanatismos,
ideologias e teorias muitas vezes sustentadas por silogismos incertos e
falácias. No século XVII, observando a tendência do pensamento humano de se
sustentar em ideias de fácil adesão, Francis Bacon criou um método para que o
homem protegesse e fortalecesse seu intelecto e alcançasse, assim, um
raciocínio lógico e verdadeiro, livre de falsas impressões.
No entanto, as distorções da mente humana, as quais Bacon
chamou de Ídolos, permanecem após quatro séculos. Grande parte dos homens ainda
é influenciada cegamente por concepções que obstruem nitidamente seu intelecto,
baseando suas decisões em seus sentidos ou em conceitos vagos e carentes de
provas metodológicas. Tais homens não conseguem produzir seu próprio
conhecimento, cultivando o antigo e axiomático. Eles usam, portanto, a “antecipação
da mente”, ou seja, são guiadas por uma mente desprotegida, sucumbindo a
opiniões incertas e especulações. Pode-se citar, por exemplo, um físico que
defende assiduamente a Teoria das Cordas. Não importa se essa não foi provada,
para tal homem ela torna-se uma verdade absoluta e ele refuta qualquer outra
teoria.
Infelizmente as distorções não atingem somente questões
científicas, mas a própria sociedade, gerando conflitos entre grupos sociais,
religiosos, políticos. A defesa de pontos de vista sem fundamento lógico e empírico,costumes ultrapassados e a não aceitação do novo, gera dificuldades no convívio
social, quando muito melhor seria que cada ser aplicasse o método promovido por Bacon,abstendo-se dos sentidos em suas decisões, aceitando somente aquilo que fosse o mais próximo possível
da verdade. Assim, a sociedade evoluiria de maneira mais justa e correta,
reduzindo o número de homens que acreditam no saber “maleável”, fácil. A
evolução, seja científica ou social, não é um processo simples. A mente precisa
estar pronta para as mudanças.
Lucas Ferreira Sousa Degrande. Direito-noturno
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