Bacon escreve ainda num período anterior a Descartes e não é difícil de entender que influenciou o último. Os dois convergem no pensamento de que a razão tem que ser base do pensamento científico e que conhecimento por conhecimento, sem aplicação prática, é inútil à sociedade. No entanto, Bacon dá valor a um aspecto que seu colega não leva muito em consideração, os sentidos. Segundo ele, a análise empírica é tão fundamental quanto a razão na construção de um pensamento, ainda que ambos sejam passíveis de enganos. Por esse motivo é importante que o homem, no processo de analisar algo cientificamente, se muna de auxílios, instrumentos que aumentem o alcance tanto dos sentidos, quanto do raciocínio.
Outro tópico abordado é a possibilidade de a razão do homem ser enganada, o que diverge de Descartes, segundo o qual o pensamento lógico era o único fator puro, confiável do ser humano. Bacon acredita que o raciocínio é afetado por ídolos, como os sentimentos, falha dos sentidos, educação, relações com outros indivíduos ou ainda outros métodos filosóficos. Desse modo, Descartes e Bacon se completam, uma vez que o primeiro duvida dos sentidos e acredita na razão e o segundo desconfia da razão e acredita nos sentidos, mesmo que estes às vezes não sejam suficientes.
A falha vem no momento em que o filósofo ataca os pensamento tradicional grego. Por mais que haja verdade no fato de que muito pouco foi concretizado a partir da filosofia clássica, não é pertinente que ela seja julgada inútil. Foi na Grécia, principalmente, que foi enraizado o pensamento ocidental. Os questionamentos em torno do ser humano e das suas qualidades e vícios foram inicados nela, sem contar as descobertas práticas em áreas como a matemática. A crítica de Bacon chega a ser contraditória com seu próprio método.
Segundo ele, os sentidos e o pensamento devem ser auxiliados por instrumentos para que possam alcançar resultados mais eficazes. Logo, não seria razoável que ele elogiasse um povo que alcançou resultados sem instrumento algum? Ele ainda esquece que um dos auxílios que ele mesmo utilizou para formular sua teoria é justamente o pensamento grego, o qual ele pôde duvidar e refutar.
Ainda é seu equívoco declarar que pouco de concreto foi realizado com a o pensamento clássico até aquele momento. Até então, pouco havia sido realizado com qualquer tipo de filosofia uma vez que o ocidente se encontrava imerso em religião.
Francis Bacon, foi, juntamente com René Descartes, fundamental para o desenvolvimento do método científico. Se não fosse a intransigência de suas críticas, talvez causasse ainda maior impacto sobre o pensamento moderno.
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