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domingo, 25 de novembro de 2012

As agências de Rating e o Fascismo Financeiro


Benito Mussolini sintetizou o fascismo na ideia de “tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. O advento do neoliberalismo reinventou essa ideia na forma do fascismo financeiro. A ideologia do mercado absoluto inovou ao tornar o fascismo não mais um regime político, mas sim um regime social. Este novo fascismo não necessita minar a democracia para alcançar seus objetivos, pelo contrário, utiliza suas frágeis e corruptíveis instituições para concretizar o seu poder.

Um dos pilares fundamentais dessa nova estrutura de poder são as agências de rating. São agências contratadas para avaliar o risco de os países; as empresas; as instituições, não pagarem suas dívidas. As notas variam de C (investimento de extremo risco), até AAA (investimento extremamente seguro). Porém, este avaliador é contratado e muito bem pago pelo avaliado. E nisso já se comprova a total ausência de ciência em tais classificações. A nota atribuída sempre será proporcional à quantia “investida” na avaliação. O setor é formado por um oligopólio de três agências: a Moody’s, a Fitch, e a Standard & Poor’s. Ainda assim, o mercado financeiro, na grande maioria das vezes por interesses escusos, confere credibilidade à tais agências.

O poder dessas agências associado à desregulamentação do setor financeiro promovido pela política neoliberal é imensurável. Thomas Friedman disse que “O mundo pós Guerra Fria tem duas superpotências, os Estados Unidos e a Moody’s”. A credibilidade dada à essas avaliações que não possuem compromisso com nada além do lucro, pode ter efeitos catastróficos. O rebaixamento da nota de um país pode significar a completa ruína de sua economia. Assim como mascarar a situação de uma empresa pode fazer essa obter gigantescos lucros.

Os investimentos direcionados à ativos que são falsamente classificados como AAA, quando a inadimplência se concretiza e esses revelam sua verdadeira condição, ocasionam as crises.

Tomemos como exemplo o caso islandês. A Islândia é uma democracia consolidada, com excelentes serviços públicos de educação e saúde, infraestrutura moderna, energia limpa, quase uma terra dos sonhos. Porém, em 2000, o governo iniciou uma política de desregulamentação econômica. De uma só vez, privatizou os três maiores bancos estatais do país. Em cinco anos, esses três bancos, que até a privatização nunca haviam operado para além da ilha, emprestaram 120 bilhões de dólares, quase dez vezes o produto interno bruto da Islândia. Em fevereiro de 2007, as agências de rating decidiram elevar a nota dos bancos islandeses para AAA, a mais alta possível, e assim as mantiveram até o final de 2008, quando os bancos quebraram, e em seis meses triplicaram o desemprego e criaram uma dívida de 100 bilhões de dólares em um país cujo produto interno bruto é de 13 bilhões de dólares.

No primeiro semestre de 2006, a Goldman Sachs vendeu cerca de 3,1 bilhões de dólares em ativos tóxicos. Mais de dois terços desses ativos foram classificados como AAA, e o restante manteve classificação de investimento seguro. Já em outubro de 2007, um terço dessas hipotecas estava inadimplente. Pouco antes do estouro da bolha, quase a totalidade estava. O responsável pela empreitada do banco foi o CEO Henry Paulson, o executivo mais bem pago de Wall Street. Como prêmio pela sua irresponsabilidade, foi nomeado secretário do tesouro americano pelo presidente George W. Bush.

Essas agências ganharam bilhões de dólares dando notas falsas à ativos tóxicos. A Moody’s, por exemplo, quadruplicou seus lucros entre 2000 e 2007, ao passo em que as classificações AAA mais que dobraram. Prova maior da irresponsabilidade dessas agências, são as notas das empresas que quebraram e eclodiram a crise poucos dias antes disso ocorrer. Os bancos Fannie Mae e Freddie Mac eram AAA quando foram resgatados, o Bear Sterns era A2, o Lehman Brothers, pivô central da crise, era A2, a seguradora AIG era AA.

O fascismo financeiro é uma realidade supranacional. O “deus mercado” se infiltrou no poder de tal forma que nele perdura de maneira simbiótica. Bancos, agências de rating, partidos políticos, todos trabalham em uma ação orquestrada para garantir sua hegemonia. O povo é o único interessado no fim desse regime que oprime através da força do capital. A mudança dessa realidade necessita da ação popular, pois se dela não emanar, não emanará de lugar nenhum.

Grupo: Vinicius Damasceno
            Laís Kestener Stehling
            Gustavo Chedid

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