“Ordem e progresso”: em um lema, à
luz do positivismo de Comte, atribui-se à República instituída no Brasil dois
termos cuja população tutelada pelo regime busca constantemente deturpar. Fato
é que se trata de dois fatores fundamentais para o estabelecimento de nossa
sociedade e seu respectivo desenvolvimento. No entanto, ao passo que compete a
ela render-se à noção de solidariedade em prol da prosperidade do bem comum, é
indubitável a maneira com a qual a tal população vai de encontro a esse ideal
tão necessário – de tal modo que a busca constante de direitos, e não deveres,
leva-nos enquanto povo a um atraso generalizado.
Na contemporaneidade, tornou-se
explícito que o pensamento de bem coletivo fora corrompido em nome do
individualismo. Uma vez perdida a concepção de responsabilidade e dos papéis sociais
que tomamos enquanto membros funcionais da coletividade, tem-se uma conjuntura
que nos conduz diretamente à decadência e ao fracasso. Em um exemplo nítido
dessa colocação, as cobranças incessantes do Auxílio Emergencial, durante a
pandemia da Covid-19, demonstram como se exige do Estado mais do que ele pode
contribuir, ao mesmo tempo em que a possibilidade de honra e mérito é omitida. Como
uma metáfora da crítica supramencionada, tal reivindicação constante e inapropriada
demonstra como é vigente no contexto tupiniquim a sobreposição de questões
particulares às temáticas públicas, posto que colocam o governo do país em uma situação
de desgaste devido a problemas individuais. Dessa forma, entende-se que existe
espaço para a manifestação de verdadeiros Narcisos modernos – que, de maneira
análoga à mitologia grega, só enxergam seus próprios interesses e pautas.
Além disso, como se a desconstrução
do princípio de bem coletivo não fosse suficiente, a disseminação de ideias
liberalistas na hodiernidade banaliza a moralidade ora instituída em nossa
história e nos leva à perda progressiva de nosso avanço. Em um segundo exemplo,
cabe mencionar a perpetuação das - como chamadas por Olavo de Carvalho -
“mentiras gays”, que amplificam uma busca inviável e inútil por privilégios
mascarados de direitos. Não obstante, a busca mesquinha por esses privilégios,
além de interferirem diretamente em liberdades alheias, deixa evidente o modo
com o qual a distribuição dos papeis de cada um em sociedade está difusa. Sendo
um distúrbio gerado e cultivado pela modernidade e pela população mais jovem,
compreende-se que, se nada for feito, a tendência é nos aprofundarmos em um
sistema em que muitos possuem direitos e poucos possuem deveres. A partir
disso, somos conduzidos ao fiasco e miséria de uma população cujo futuro
econômico e tecnológico fora atordoado por suas reflexões inúteis e
desnecessárias.
Mediante o sobredito, conclui-se
que o que fora descrito por Comte como “revolucionarismo insustentável” retorna
à superfície da sociedade contemporânea fazendo com que se perca agilidade no
progresso e trazendo a destruição da moralidade anterior. Entretidos pelo
próprio reflexo, exclui-se qualquer caminho viável para o estabelecimento do
bem coletivo como prioridade e, ao serem alteradas as engrenagens que regem a integridade
e a ordem, sabota-se diretamente qualquer possibilidade de avanço econômico. Estabelecida
a balbúrdia no tecido social, o egoísmo há de ser imperativo e corromperá qualquer
ordenamento, embora seja incontestável que a ordem e o progresso são indispensáveis
para uma sociedade plena. Por fim, tem-se que entre mentiras e cobranças, a população
brasileira está fadada ao fim em si própria.
OBSERVAÇÃO: As opiniões expressadas no texto não
condizem com as opiniões da autora! Trata-se somente da argumentação requisitada
para a produção textual.
Giovanna
Spineli de Paiva – Noturno
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