Há
dois séculos atrás, Auguste Comte revolucionava as ciências humanas ao inventar
o Positivismo, uma das doutrinas de pensamento mais importantes do século XIX,
visto que seu ideal de validação do conhecimento por meio de testes e a busca
pelo rigor metodológico dos resultados foram essenciais para emergir a
Sociologia tal qual os moldes atuais. Desta forma, ao basear-se em grandes
nomes como Francis Bacon e René Descartes, aqueles que propuseram a grande
reforma epistemológica da Ciência, Comte queria algo que permitisse manter a
ORDEM da sociedade, coibindo as grandes ebulições sociais que ocorriam nos
centros urbanos, enquanto fomentava o PROGRESSO
material da nação, em especial da emergente burguesia que se estabelecia.
Entretanto, o panorama social da
hodiernidade faz parecer que todos esses avanços científicos se perderam ao
vento, visto que há uma extensa propagação de mentiras, desinformação e notícias
falsas, ao ponto da verdade ser relativizada para ganhos pessoais. Ademais, com
o estabelecimento do Meio Técnico Cientifico Informacional, a difusão de
informações na internet passou a ser instantânea e os indivíduos acabaram
esquecendo de exercitar a mais primordial das dadivas humanas: o
questionamento, tal que os mesmos acabam por replicar manchetes estapafúrdias sem
se inteirarem do tema, contradizendo os ideais comtianos de primar pela
verdade.
Um dos casos que demonstram isso é
da discussão do movimento anti-vacina ¹,
no qual há um boicote da própria imunização dos cidadãos por argumentos da
suposta dominação governamental sobre os corpos, as mesmas serem indutoras do
autismo em crianças ou por motivos religiosos, dentre outros. Nesse sentido, há
um claro prejuízo ao convívio social e pode vir a ocorrer a volta de doenças
controladas, como o Sarampo e a Poliomielite.
Este
fenômeno acabou sendo agravado pelas redes sociais que ao difundirem conteúdos
dispersos, criam bolhas sociais no qual nem sempre as informações ali postas
são verdadeiras. Nisto, figuras, até então, relegadas ao anonimato e ao rodapé
da academia, ganham força, dentre os quais, Olavo de Carvalho, um senhor que
fala diversos absurdos na mídia para continuar em voga e influenciar uma massa acrítica
de acéfalos, tal que este é tratado como um guru onisciente, detentor dos mais
sagazes dos conhecimentos.
Assim,
Carvalho, em seu livro “O imbecil coletivo”, profere diversos absurdos contra
aquilo que distoa de sua visão de mundo, dentre os quais no capitulo “Mentiras
gays”, busca relacionar os gays como se, no passado, eles tivessem sido figuras
autoritárias, como se isso não passasse de uma doença, pelo uso reiterado de
homossexualismo, ou um capricho do indivíduo ou até mesmo como se eles não
merecessem direitos em decorrência de sua orientação sexual. Deste modo, ele
busca, tal como Comte, induzir o leitor a crer em sua argumentação, ao passo
que ele tenta frear as mudanças no pensamentos social, mantendo a ordem discriminatória
já vigente.
Outrossim, Carvalho acaba sendo um
perfeito estudo de caso para mostrar aquilo que Comte criticava, o desvio da ciência,
para a mesma ser realizada já com um resultado tendecioso e pautado pelas próprias
crenças do pesquisador. Este acaba sendo o pano de fundo da realidade
brasileira no ano de 2020 em que o Presidente da República Jair Messias
Bolsonaro, no meio de uma das maiores catástrofes sanitárias da atualidade,
induz a população a tomar um medicamento sem eficácia comprovada para tratar da
COVID-19 e que aumenta a mortalidade do paciente².
Portanto, o ideal positivista,
infelizmente, perde-se na contemporaneidade, visto que a verdade não é algo
bonito de se ver e não fortalece a narrativa de algumas autoridades. Por isso,
urge que, nosso dever como cidadãos, paremos de disseminar informações falsas e
procuremos questionar tudo aquilo que repassamos.
CARLOS AUGUSTO
POLIDORO DA SILVA
1° ANO DE
DIREITO – MATUTINO
FONTES:
Nenhum comentário:
Postar um comentário