(Mateus Sartor Chauvin, Direito matutino)
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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quinta-feira, 2 de maio de 2019
O berço da cegueira.
Friedrich Nietzsche, em sua obra "O Nascimento da Tragédia", analisa a gênese de um mundo frio , racional e cego para os sentimentos: o mundo grego. Nesse denominado "berço da cultura ocidental", filófos comtemplavam a "razão" como o único mecanismo próprio para a evolução humana (Nietzsche usa a alegoria do deus grego da razão: Apolo.). Ao passar dos anos, Apolo não sofre danos, mas ganha forças compatíveis às mitológicas, isto é , a modernidade comtemplou o racional para longe do imagiável daqueles pensadores. Não por acaso, durante a efervescência científica das Revoluções Industriais, Émile Durkheim ,filho de seu tempo, leva Apolo ao campo social. Assim sendo, analisa que fenômenos sociais são passíveis de justificativas racionais a partir de regras universalizadas , ideial esse compatével com o pensamento de Aristóteles em "Ética a Nicômaco":"Cada uma das regras de justiça se relaciona com as coisas justas e
legítimas como o universal se relaciona com os seus casos particulares, pois as
coisas praticadas são muitas, ao passo que cada regra é universal”. Ao que tange a teoria em si, Durkheim julga que acontecimentos dentro da esfera social e até mesmo individual (exemplicação possível é o entendimento do pensador sobre o suicídio) transfigura um "fato social" , ou seja, uma lei cujo valor é útil em qualquer ocasião.Semelhante ao pensador positivismo progrediu o direito, sobretudo o penal. Abarcando regras minuciosamente orquestrada, o direito e o próprio entendimento de justiça moldou-se em prol da razão. Nesse sentido, ao instrumentalizar o entendimento sobre o social, simplificou-se o agir perante a lei, pois um "fato social" não seria nada mais que fruto de um conjunto de acontecimentos catalogados e o instinto de punir o culpado supera o anseio por acabar com a cadeia de eventos. Não por acaso, o desejo por justiça cresce, pois seria esse também um fato social , uma vez que a própria insegurança é factível à coletividade, atua coercitivamento no psicológico do todo e sempre tende a ser exterior ao particular. Assim sendo , casos como do "Mecânico desempregado, sem passagem pela polícia, Cledenilson Pereira da Silva, de 29 anos, tentou assaltar um bar no bairro Jardim São Cristóvão, na capital maranhense. Foi submetido a socos, pedradas e garrafadas até a morte – seu corpo nu foi amarrado a um poste." tornam-se comuns e banais. Um digno fenômeno prático da teoria de Èmile Durkheim que cristaliza um deus Apolo tornando cego nossa compaixão e sentimentos próximos da humanidade.
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