Vivemos em uma sociedade permeada
pela solidariedade orgânica, ou seja, os indivíduos são extremamente
especializados o que gera uma grande interdependência entre os trabalhadores. O
crescimento do capitalismo e a busca por lucro é inversamente proporcional a
preocupação com o bem estar e saúde dos indivíduos que para o mesmo trabalham. Outrossim,
a ideologia “Time is Money” está cada vez mais enraizada e a busca por lucro
máximo com gastos mínimos, faz com que a qualidade de vida dos trabalhadores
seja completamente ignorada. Tal fato é concretizado pelo anseio da
terceirização, e com ela uma precarização do trabalho, que não tem outros fim
senão a diminuição dos custos de produção. Ademais, o fim da terceirização foi
uma das primeiras reivindicações dos movimentos trabalhistas e a mesma tenta
ser aderida no Brasil desde a Ditadura Militar, momento histórico em que nosso
país tornou-se campeão mundial em acidente de trabalho, elucidando que tal
caminho é prejudicial a vida do trabalhador. De certo, a implantação desta
política de contratação, gera a ilusão de uma igualdade entre o empregador e
empregado e uma maior liberdade contratual, uma vez que os contratos
individuais passam a ter um valor maior que as próprias leis trabalhistas,
conquistadas com décadas de lutas sociais.
Todavia, a verdade a respeito
deste modo de contratação é que os terceirizados ganham muito menos com muito
mais instabilidade já que há o afastamento entre o empregado e o empregador,
sendo a justificativa do fato de que 90% dos casos interditados por trabalho
análogo à escravidão eram de empresas terceirizadas. É igualmente um grande
equívoco acreditar que tal realidade encontra-se muito distante de nós, visto
que os discentes da Unesp Franca, encontram tal vivencia muito próxima, pois na
conhecida cidade do sapato, as grandes fábricas foram fechadas, já que além de
uma reestruturação produtiva, parte do trabalho é realizado por máquinas e toda
a produção é responsabilidade de empresas terceirizadas. Por essa razão, é
comum em bairro periféricos fábricas de garagem trabalhando o dia todo, com
condições precárias. O que justifica a alta criminalidade da cidade, já que,
tal índice é diretamente proporcional a falta de recursos.
Isto posto, as metamorfoses do
mundo do trabalho são prejudiciais ao trabalhador e o direito deve lutar para
que o mesmo tenha as garantias, adquiridas com anos de lutas sociais.
Necessidades básicas dos trabalhadores, como não trabalhar em ambientes
insalubres, não devem ser considerados luxo. Visto que, uma norma jurídica não
cria condições, apenas normatiza o que já ocorre, a terceirização vem para
legitimar uma exploração.
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