Émile
Durkheim foi um grande pensador francês que trabalhou com as relações dos
indivíduos e da sociedade, incitando toda uma influência da sociedade nos indivíduos. Neste cômpito, um prisma interessante de se
abordar é a possível dissociação do “eu” de seus papéis e status sociais e
históricos, trazendo a tona questões modernas de dívidas e perdões históricos e
individualismo moral.
As
últimas décadas trouxeram uma grande quantidade de questões polêmicas sobre
desculpas públicas por injustiças históricas. Recentemente, países como a
Alemanha, Japão, Estados Unidos realizaram declarações nas quais faziam pedidos
oficiais de perdão aos indivíduos ou grupos sociais que foram vítimas de alguma
forma de atrocidades passadas. Diante disso surge a pergunta: nós devemos pagar
pelos pecados de nossos antecessores?
Sob
a perspectiva do individualismo moral, não se presume que o indivíduo seja
egoísta. Na verdade a ótica é a de ser livre, submetendo-se apenas às
obrigações escolhidas voluntariamente.
Immanuel Kant e John Rawls foram dois grandes pensadores que dissertaram
sobre tal ponto, através, respectivamente de suas ideias sobre lei moral e
princípios de justiça. Nesse diapasão, é passível de se argumentar que o alemão
de hoje não tem relação com os que no passado participaram do holocausto, e, destarte,
um pedido de desculpas seria desnecessário e ineficaz.
Por
outro lado, os críticos dessa doutrina argumentam que não é possível raciocinar
sobre questões atreladas a uma justiça desconectando-se do que estamos
inseridos, a que estamos ligados. Alasdair MacIntyre, em sua obra Depois da
Virtude, menciona que primeiramente deve se fazer a pergunta: “De que histórias
eu faço parte?”. Ela presume que o “eu”
não possa ser desvinculado de todo seu contorno social e histórico. Responde
que o argumento do jovem alemão não tem a devida densidade moral.
A
importância das bases científicas fundadas por Émile Durkheim mostra-se por,
justamente, apontar o quanto o contexto social nos responsabiliza e nos
conforma: com poucas lacunas para uma possível liberdade individual. Por
conseguinte, observar-se-ia a necessidade de se conhecer mais a fundo toda uma
gama de determinantes sociais. Para Durkheim, se pedir desculpas é um “dever
cívico” o indivíduo será instado a concordar, coercitivamente. Qual será,
então, a dinâmica de forças sociais?
Douglas Toci Dias - 1º Ano Matutino
Nenhum comentário:
Postar um comentário