Durkheim,
em seu livro As Regras do Método Sociológico, faz uma critica a análise ideológica:
ele diz que ao invés de basear nossos pensamentos e ideais na observação e análise
das coisas em si, baseamos em ideias já prontas. Analisamos assim, não a fonte
da coisa, mas o que já foi falado sobre a mesma, facilitando o compartilhamento
de filosofias e correntes de pensamento por indivíduos que nem mesmo entendem o
que estão partilhando.
Desse modo, surgem obstáculos em nossa mente que
nos afastam de um conceito de verdade cientifica que se distancia dos baseados
em ídolos e crenças pré-definidas.
Ao
longo de todo o começo da nossa existência, somos bombardeados a todo instante
com informações que foram passadas de geração a geração e que são espalhadas
tão amplamente que é quase impossível definir sua origem e impensável que não
sejam verdadeiras. Esse conhecimento adquirido socialmente através de pais,
amigos, professores e familiares é a nossa versão da verdade por muitos anos;
para alguns, pela vida toda. E assim, dá-se início a mitos científicos, tabus,
simpatias, orações a seres divinos e preconceitos.
Esse
preconceito presente nos dias atuais e que abrange tantas áreas do cotidiano
muitas vezes é o resultado de anos e anos de análise ideológica que nunca foi
estudada até sua origem, apenas o que já se sabia, e a isso foram acrescentados
diversas outras opiniões e pontos de vista infundados que, ao serem espalhados,
geraram ondas de ódio e violências sem fundamento algum.
Racismo,
misoginia, homofobia, transfobia, elitismo e diversas outras formas de
preconceito étnico, racial, socioeconômico e de gênero se enraizaram na
sociedade através dos séculos graças ao imenso compartilhamento de ideias sob a
forma de coerção social em diversos âmbitos, como a educação por exemplo.
Tais
fatos já se tornaram uma parte tão podre e permanente de nossa sociedade que
estão mascarados e definidos, por alguns, como fatos sociais e que por serem
uma parte “marcante” da sociedade, não encontrarão seu fim tão cedo.
Mas,
como já dizia Durkheim, “cada um é arrastado por todos”. Mesmo que expressadas
individualmente, todo o comportamento de um ser reproduz hábitos de um coletivo
e, tipos de acomodação de pensamento como a supracitada, nos fazem acreditar
que esse tipo de violência enraizada socialmente, como o preconceito, é fruto
de uma elaboração individual e única e não de uma mesma ideia errônea espalhada,
partilhada e dividida por um coletivo.
Assim, acomodar o
pensamento porque o preconceito é um fato social que não vai se extinguir tão
cedo é um dos passos para longe do método sociológico que Durkheim escreveu
sobre. Temos que analisar nossos pensamentos, nossos ideais, o que consideramos
ou não como parte da sociedade, como fato social e temos que fazer uma
verdadeira busca pela origem de cada um desses pensamentos, até que tenhamos
certeza de que não são fundados em bases sem cunho verídico.Ananda Gomes Sanchez, 1º ano, Direito Noturno
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