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domingo, 20 de agosto de 2017

Análise Científica como Método de Desconstrução Social

Durkheim, em seu livro As Regras do Método Sociológico, faz uma critica a análise ideológica: ele diz que ao invés de basear nossos pensamentos e ideais na observação e análise das coisas em si, baseamos em ideias já prontas. Analisamos assim, não a fonte da coisa, mas o que já foi falado sobre a mesma, facilitando o compartilhamento de filosofias e correntes de pensamento por indivíduos que nem mesmo entendem o que estão partilhando.
 Desse modo, surgem obstáculos em nossa mente que nos afastam de um conceito de verdade cientifica que se distancia dos baseados em ídolos e crenças pré-definidas.
Ao longo de todo o começo da nossa existência, somos bombardeados a todo instante com informações que foram passadas de geração a geração e que são espalhadas tão amplamente que é quase impossível definir sua origem e impensável que não sejam verdadeiras. Esse conhecimento adquirido socialmente através de pais, amigos, professores e familiares é a nossa versão da verdade por muitos anos; para alguns, pela vida toda. E assim, dá-se início a mitos científicos, tabus, simpatias, orações a seres divinos e preconceitos.
Esse preconceito presente nos dias atuais e que abrange tantas áreas do cotidiano muitas vezes é o resultado de anos e anos de análise ideológica que nunca foi estudada até sua origem, apenas o que já se sabia, e a isso foram acrescentados diversas outras opiniões e pontos de vista infundados que, ao serem espalhados, geraram ondas de ódio e violências sem fundamento algum.
Racismo, misoginia, homofobia, transfobia, elitismo e diversas outras formas de preconceito étnico, racial, socioeconômico e de gênero se enraizaram na sociedade através dos séculos graças ao imenso compartilhamento de ideias sob a forma de coerção social em diversos âmbitos, como a educação por exemplo.
Tais fatos já se tornaram uma parte tão podre e permanente de nossa sociedade que estão mascarados e definidos, por alguns, como fatos sociais e que por serem uma parte “marcante” da sociedade, não encontrarão seu fim tão cedo.
Mas, como já dizia Durkheim, “cada um é arrastado por todos”. Mesmo que expressadas individualmente, todo o comportamento de um ser reproduz hábitos de um coletivo e, tipos de acomodação de pensamento como a supracitada, nos fazem acreditar que esse tipo de violência enraizada socialmente, como o preconceito, é fruto de uma elaboração individual e única e não de uma mesma ideia errônea espalhada, partilhada e dividida por um coletivo.
      Assim, acomodar o pensamento porque o preconceito é um fato social que não vai se extinguir tão cedo é um dos passos para longe do método sociológico que Durkheim escreveu sobre. Temos que analisar nossos pensamentos, nossos ideais, o que consideramos ou não como parte da sociedade, como fato social e temos que fazer uma verdadeira busca pela origem de cada um desses pensamentos, até que tenhamos certeza de que não são fundados em bases sem cunho verídico.


Ananda Gomes Sanchez, 1º ano, Direito Noturno

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