Émile
Durkheim foi um pensador francês que procurou estabelecer um novo método
sociológico de análise da sociedade para que a sociologia consolidasse uma
metodologia própria e definitiva. Afirmava que o ideal seria seguir uma ordem:
investigar a causa de um fenômeno e depois tentar determinar seus efeitos.
Nesse sentido, criticava a análise ideológica, que parte “das ideias para as
coisas”, e defendia justamente o oposto, ou seja, seria preciso conhecer a
realidade concreta para formular conceitos e noções. Essa situação, vale
ressaltar, ainda é um problema nos dias de hoje e a análise puramente
ideológica, sobretudo no ambiente universitário, ainda se faz presente e
obstrui a busca pela verdade.
De
acordo com Durkheim, existem maneiras de agir, pensar e sentir que, além de
exteriores ao indivíduo, são dotados de uma força imperativa e coercitiva em
virtude da qual se impõem a ele, quer ele queira, quer não. Trata-se dos fatos
sociais, o domínio próprio da sociologia e cujo estudo consiste na busca do
pensamento de Durkheim. A coerção, característica básica do fato social, se
deve à presença de uma força que domina o homem e diante da qual ele se curva.
O fato social, assim, é todo aquele que independe do indivíduo e tem como
substrato o agir do homem em sociedade de acordo com as regras sociais, o que
faz do meio social um fator determinante da evolução coletiva. A degeneração do
fato social, denominada anomia, consiste no desregramento, a ruptura da ordem,
e, por isso, o objetivo da sociedade é evitá-la.
A
filosofia de Durkheim pensa uma sociedade que, antes mesmo de nascer, já cercou
o indivíduo com “redes” que condicionam o seu agir, sendo que qualquer ato social
ou motivação para agir dificulta o individual, está atrelado ao coletivo, às
injunções sociais já sedimentadas que nos movem a agir a todo momento.
Contextualizando para a atualidade, observa-se que é incontestável que a maior
parte de nossas ideias e comportamentos não é elaborada por nós, mas nos vem de
fora. Dessa forma, as condutas, mesmo que se expressem no indivíduo, traduzem
hábitos forjados na dimensão do coletivo. Isso é facilmente constatado pelas
regras de comportamento e convívio que são impostas ao indivíduo, que as
incorpora geralmente de forma imperceptível. Tais imposições se tornam costumes
de tal forma que se opor a elas implica consequências como isolamento,
julgamento e preconceito.
A
criança sofre a influência da coerção externa desde o seu nascimento e, nesse
sentido, a educação contribui para impor regras que passam a ser
interiorizadas, formando os jovens de acordo com os parâmetros normativos.
Resultado disso é a privação da individualidade e, mais visivelmente, o
estabelecimento de padrões determinados para cada categoria social, como ocorre
entre homens e mulheres. Isso se evidencia, por exemplo, pela noção de que
meninos devem ser mais grosseiros, sustentar a família, expressar sua
masculinidade e possuir gostos típicos de homens. Ao mesmo tempo, as meninas
aprendem desde cedo acerca da importância de cuidar da casa, serem delicadas,
cuidarem da aparência e estarem sempre dispostas a servir ao homem. Isso gera
polêmica quando questões de gênero entram em debate e impede a plena liberdade
de expressão dos indivíduos, sendo as mulheres as mais afetadas ao se
submeterem a comportamentos padronizados. Dessa forma, observa-se a forma como
a teoria do fato social e da coerção externa de Durkheim se manifesta na
atualidade como limitadora das expressões individuais.
Gustavo Garutti Moreira – 1º Ano Direito Matutino
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