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sábado, 16 de abril de 2016

Amor, Ordem e Progresso

Para melhor exemplificar o pensamento de Augusto Comte tomei a liberdade de fazer um paralelo entre as principais ideias do pensador francês e a brilhante coluna escrita por Gregório Duvivier (um dos criadores do Porta dos Fundos e colunista da Folha de S.Paulo) datada de 17 de agosto de 2015, onde ele expõe a tríade positivista como guia da sociedade brasileira.
Pois bem, para Comte a ideia de se ter uma sociedade científica e industrial é atingir o Estágio Positivo, nesse estágio as pessoas seriam guiadas pela razão e pela moral Estática. Portanto, aquele que seguisse as ordens e normas estabelecidas pela cultura daquele grupo estaria inserido no âmbito social. 
Nesse primeiro vislumbre de sua Física Social pode-se evidenciar a importância da moral para manutenção da ordem. O que Gregório, em seu texto, diz ser "a manutenção do nosso ódio pela diferença, pois nossa fraternidade é seletiva: só temos fraternité com quem é cliente personnalité". E isso expõe outro caráter de exclusão social defendido pelo positivismo, que prega que o único modo de se atingir essa moral é o trabalho e a aceitação dos "lugares sociais", portanto a famosa frase: "o trabalho dignifica o homem", que está no cotidiano dos brasileiros é claramente positivista.
Dessa forma fica evidente a repulsa, por parte de Augusto, em relação as revoluções. Essas, quebram a ordem, portanto quebram o caminho que levaria ao progresso positivista. Essa aversão ao diferente e às revoluções foi exposta ao colunista da Folha por um amigo francês, que lhe indagou: "onde está, na história do Brasil, o amor pelos negros, pelos gays, pelos índios, pelas crianças de rua?".
Por fim, destacarei o verso do filósofo em que se encontra o trinômio que dá título a esta postagem: "o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim". Já foi demonstrado que a sociedade brasileira possui uma cultura positivista, por meio de exemplos que denotam a importância da ordem para o progresso. Mas o amor ainda não foi exaltado nessa publicação, vamos ao porquê. Primeiro porque Comte defendia o amor como prova de solidariedade, no que diz respeito ao repúdio ao pensamento individualista em favor da sociedade. Uma outra explicação, mais equiparada ao pensamento positivo é o fato de deixar as aspirações pessoais, e as ideias revolucionárias e contrárias à ordem de lado, logo, não ir contra a sociedade que ele faz parte. 
Outra parte do porquê está na falta de amor na população brasileira, não essa estrutural e conservadora de Comte, mas sim o amor fraternal, o amor igual. Para Gregório a falta da palavra Amor na bandeira nacional representa a falta dessa na cultura do povo brasileiro: "houvesse mais amor, não estariam protestando contra o fato do DOI Codi não ter enforcado Dilma quando teve oportunidade. Não teria gente dizendo que ""tinham que ter matado todos os comunistas em 64"".
Em suma, o positivismo pode representar uma sociedade excludente, conservadora, preconceituosa, patriarcal, cientifica e reacionária, mas principalmente carente de amor. Termino minha análise com mais uma referência à caluna de Duvivier; " Nossa cultura é muito erótica - e muito pouco amorosa. O amor líquido aqui já tá gasoso. Ou como diria o poeta: não era amor, era cilada. Cilada. Cilada."

Estevan Carlos Magno - Direito Diurno, 1 ano

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