Baseado no livro de Ken Kesey, o longa de Milos Forman nos apresenta Randle McMurphy, interpretado por Jack Nicholson, um homem que se submete a um tratamento em um sanatório para poder fugir do trabalho na prisão. Ciente de que não tem problemas mentais, McMurphy usa o local para usufruir de sua liberdade, porém seus atos e atitudes gera discussões entre ele e os médicos da clínica.
Como naquele ambiente a percepção dos indivíduos lá internados sobre si e a visão dos especialistas sobre eles era a de não-normais ou a de loucura, essa estigmatização era geradora de expectativas e comportamentos - portanto, pode-se falar em um esquema prévio de interação entre todos. Inserido em uma atmosfera monótona, McMurphy tenta transformá-la: questiona os medicamentos, tenta incentivar seus colegas a ir contra a ordem vigente e a rotina do local. Ao intentar fazer tal, é reprimido pelos dirigentes, médicos e enfermeiros do sanatório.
Durante o filme e, principalmente, após a cena em que decidem que a personagem de Nicholson permanece no tratamento, se faz visível o fato social dentro da realidade da personagem principal: Randle era um anormal não por ser louco de fato, mas por ser um desajustado ao mundo "ordenado" - há então a presença da resistência que o fato social opõe a qualquer iniciativa individual que tende a violá-lo. O poder imperativo e coercivo das regras sociais, as quais impõem um certo modo de agir, pensar e sentir em sociedade não se fizeram eficazes o suficiente no caso de Randle, fazendo com que ele permanecesse lá dentro por um período maior de tempo.
"Agora, dizem que sou louco...porque não agi como vegetal. Não faz o menor sentido.
Se isso é ser louco... então, sou doido, maluco, pirado. Nem mais, nem menos."
O filme é também sobre esta noção falsa que temos de ser livres, sem nos darmos conta de que estamos seguindo uma ordem "superior", uma normalidade, um padrão, uma coerção social sobre maneiras de se comportar socialmente aceitas.
Marina Pereira Diniz
1º ano Direito - Diurno
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