Durkheim, sociólogo francês, coloca como fato social “toda maneira de
agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior;
ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade, apresentando uma
existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”.
Dentro desta definição, apresenta distinções entre o fato social normal e o
patológico: O normal, para Durkheim, sustenta-se na noção de generalidade,
enquanto que o fator patólogico consiste naquilo que a sociedade reprova,
considera imoral ou criminoso. Proponho então uma reflexão: Seria o estupro,
na sociedade brasileira, normal ou patológico?
O Governo o classifica como patológico, mas a prática não revela
exatamente isso: Em abril de 2014, foram divulgados pelo IPEA alguns dados
alarmantes sobre a visão do brasileiro em relação às mulheres: 58,5% dos
brasileiros consideram que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria
menos estupros”. De nada adianta o governo sancionar e patrocinar projetos de
proteção das mulheres, como a Lei Maria da Penha, se a Sociedade não considerar
que a violência sexual seja um câncer social. Como na música de Chico Buarque,
Geni e o Zepelim — citada no título deste artigo—, a Sociedade coisifica as
mulheres, desconceituando-as e fazendo delas nada mais que meio para saciação
de seus desejos animais.
Concluindo a reflexão mais cedo proposta, o que vemos é a normalização
do estupro: A noção de que o estupro, enquanto fato social, não apresenta
caráter patológico. Enganaremos a nós mesmos enquanto dissermos que as mulheres
muito conquistaram no plano social. Os avanços só serão reais quando entendermos
que a Geni não é feita para apanhar, nem boa de cuspir: Precisamos parar de
inflar esse grande zepelim prateado que é o machismo.
Paulo Saia Cereda
1º ano - Direito (Diurno)
Introdução à Sociologia (Aula 05)
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