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segunda-feira, 26 de março de 2012

Qual a utilidade de Francis Bacon?

submete a sua filosofia natural à lógica que a tornou quase inútil e mais afeita a contendas”, assim Francis Bacon parece indicar uma crítica à utilidade do conhecimento produzido pelos antigos pensadores. Para um antigo grego, a aplicação do conhecimento para a construção de utensílios que auxiliassem a vida cotidiana pode muitas vezes parecer dispensável, uma vez que determinada estrutura social possibilitava que todo trabalho fosse feito somente por uma classe de pessoas, enquanto outra não precisava se ocupar com tais tarefas.
Porém, o próprio conceito de utilidade se constitui como um meio, já que algo pode ser útil para algum fim específico ou para alguém. Cabe a pergunta, assim, sobre a utilidade do conhecimento, se esse teria, por exemplo, como fim último melhorar a qualidade de vida de determinado grupo de pessoas, ou talvez assegurar maior igualdade entre os homens, ou ainda uma modificação social de qualquer ordem. A aplicação do conhecimento por si parece, nessa medida, não se constituir como uma condição necessária para uma transformação social, ou para a melhoria da qualidade de vida humana (caso seja esse o fim intendido da aplicação do conhecimento). A exemplo disso pode-se indicar o moderno uso da tecnologia em larga escala, sem a redução da jornada de trabalho ou a melhoria do ambiente de trabalho. Assim, uma tal crítica à utilidade do conhecimento parece incompleta e indica a necessidade de uma análise prévia da finalidade da utilidade do conhecimento (uma vez que, como vimos, a utilidade é somente um meio). 

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