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segunda-feira, 26 de março de 2012


                        A materialização do pensamento


       Francis Bacon, assim como Descartes, foi forte defensor da razão, negando o misticismo e outras vertentes esotéricas. Bacon, no entanto, apresenta uma visão mais aprofundada do assunto. Para Bacon a razão e o exercício do pensamento desacompanhados de obras em benefício à sociedade são inúteis, a crítica voraz ao estilo de pensamento contemplativo grego é prova disso.
      Graciliano Ramos, em sua obra “Vidas Secas”, exemplifica, de maneira mais que satisfatória, o “pensamento improdutivo”, que recebe a indignação de Bacon. “Seu Tomás da Bolandeira” é o dono de uma fazenda de algodão no nordeste brasileiro; seu Tomás enriquece sua mente com a leitura tendo prazer em aprimorar seu intelecto. Todavia, no que tange a praticidade e eficiência administrativa, seu Tomás alienou-se, tendo sua fazenda arrasada com a chegada da seca. Fabiano, protagonista do romance, refere-se, com frequência, ao caso de seu Tomás intrigado pelo fato de tanto conhecimento de nada ter valido de modo prático.
      É evidente, portanto, que Francis Bacon apresenta uma proposta coerente. O policiamento da mente para que o ato de pensar tenha uma repercussão prática benéfica à comunidade nada mais é do que uma obrigação natural do homem. Afinal, ainda que o progresso e os benefícios presentes ao longo da história tenham sido frutos de reflexão prévia, só puderam se concretizar quando as reflexões deixaram de ser pensamentos inconsistentes e se materializaram por meio de ações.

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