A
materialização do pensamento
Francis
Bacon, assim como Descartes, foi forte defensor da razão, negando o misticismo
e outras vertentes esotéricas. Bacon, no entanto, apresenta uma visão mais
aprofundada do assunto. Para Bacon a razão e o exercício do pensamento desacompanhados de obras em benefício à sociedade são inúteis, a
crítica voraz ao estilo de pensamento contemplativo grego é prova disso.
Graciliano Ramos, em
sua obra “Vidas Secas”, exemplifica, de maneira mais que satisfatória, o
“pensamento improdutivo”, que recebe a indignação de Bacon. “Seu Tomás da Bolandeira”
é o dono de uma fazenda de algodão no nordeste brasileiro; seu Tomás enriquece
sua mente com a leitura tendo prazer em aprimorar seu intelecto. Todavia, no
que tange a praticidade e eficiência administrativa, seu Tomás alienou-se,
tendo sua fazenda arrasada com a chegada da seca. Fabiano, protagonista do
romance, refere-se, com frequência, ao caso de seu Tomás intrigado pelo fato de
tanto conhecimento de nada ter valido de modo prático.
É evidente, portanto, que Francis Bacon
apresenta uma proposta coerente. O policiamento da mente para que o ato de
pensar tenha uma repercussão prática benéfica à comunidade nada mais é do que uma obrigação
natural do homem. Afinal, ainda que o progresso e os benefícios presentes ao
longo da história tenham sido frutos de reflexão prévia, só puderam se
concretizar quando as reflexões deixaram de ser pensamentos inconsistentes e se
materializaram por meio de ações.
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