Se
nos atentarmos para os pensamentos atuais, facilmente nos depararemos com a
ideia de idosos que são sábios tanto por experiência de vida como pela razão
que se aprimorou em suas atitudes com o passar dos anos. Experiência aliada à
razão. E é exatamente isso que Francis Bacon, filósofo e estadista, veio propor
em “Novo Organum”, em um período de transformações de pensamentos e
necessidades, com a lembrança ainda recente da Peste e já com a ascensão
burguesa. Para ele, a razão por si só era passível de erros – o que diverge do posterior
racionalismo de Descartes-, e por isso deveria ser complementada pela
experiência.
Além
disso, Bacon criticava os filósofos antecessores, pois não aceitava a filosofia
contemplativa. Acreditava que todo esse conhecimento que não foi posto em prática
até aquele momento era, de certa forma, inútil. Olhando de forma menos radical,
concordamos que realmente todo o saber anterior poderia ter realmente sido mais
bem aproveitado na prática, porém, podemos dizer que Bacon negligenciou o fato
de que tal conhecimento antecessor se fez base inclusive para suas teorias. Ademais,
negligenciou as particularidades de cada tempo histórico, afinal, o modo de vida
da sociedade antiga não se mostrava aberto, ou até mesmo não necessitava dessa “ação”
primada por Bacon.
Nesse período, não é surpresa dizer que, com a
ideia de “saber é poder”, Bacon pregava que o conhecimento da natureza era
necessário para que esta fosse dominada pelo homem, afinal, tal pensamento
realmente se fez necessário para a exploração de recursos naturais no posterior
Mundo Industrial. Assim, por um lado, o homem pode usufruir da natureza para o
seu próprio bem-estar; por outro, infelizmente, foi esse mesmo pensamento
radicalizado que acabou por tornar a relação homem-natureza como conhecemos
hoje: ela, prejudicada e, em boa parte, extinta e nós, tentando controlar os
desastres advindos dessa hiperexploração.
Enfim, percebemos que Bacon foi
importante para seu tempo. Porém, hoje em dia, devemos adaptar os seus
pensamentos a uma nova realidade. Talvez, da mesma forma que aquele período de
crises necessitava de transformações da filosofia antiga, o nosso período
pós-moderno também precise desse mesmo vigor para, no mínimo, não retrocedermos.
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