Conhecendo tal posicionamento, podemos nos questionar se a
importância do conhecimento está, de fato, na sua aplicabilidade. Se pensarmos
desse modo, descartaríamos, por exemplo, a importância da filosofia, que é a “mãe”
das outras ciências. Afinal, por que pensar que a criação de uma máquina é mais
importante do que reflexões que não tivessem um lado prático? Mais do que isso,
por que colocar tais reflexões como algo inútil para a sociedade?
Não há como dizer que o surgimento de máquinas, em um
determinado contexto, contribuiu para o progresso da sociedade; do mesmo modo
que, também não podemos negar a importância histórico-social da Revolução
Francesa, por exemplo, que desencadeou uma nova maneira de pensar a sociedade,
transformando-a profundamente, e que nasceu do novo pensamento e de reflexões
sobre a situação em que se encontravam.
É sabido que Bacon não era contrário às reflexões, mas
sabemos que, na sua opinião, reflexões seriam válidas apenas se pudessem ser
experimentadas e, em seguida, transformadas em algo prático que fosse realmente
útil para a sociedade; ou seja, a associação entre o conhecimento contemplativo
e a exploração e experimentação seria o método ideal para buscar a verdade. No
entanto, não podemos pensar na ideia de que as reflexões, apenas, sejam inúteis;
posto que, apesar de nem sempre serem aplicáveis à sociedade de imediato, geram
consequências muito importantes, construindo, muitas vezes, o “pensar” das
novas gerações e direcionando o comportamento social.
Podemos dizer, então, que há um equívoco nesse modo de
pensar, pois nenhum tipo de reflexão é completamente infrutífero e o que move o
mundo não são as invenções do homem, pura e simplesmente, mas justamente a
busca pela verdade e por respostas a perguntas
que a humanidade faz, independente da maneira como isso seja feito.
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