O filosofo rompe com a metafísica e com a religião colocando o homem como o centro do mundo como elemento de racionalização, de interpretação da vida. Porém enfatiza que a razão iluminista, tão prezada à época, era tão somente a razão burguesa, que transformara-se em um instrumento de alienação, de manipulação, de submissão de certas classes.
Em sua época, já apareciam os embriões do comunismo. As idéias socialistas de filósofos utópicos como Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen elaboravam um sistema perfeito, que quebrava os paradigmas capitalistas e estabelecia uma sociedade justa e igual para todos os indivíduos; uma sociedade sem classes sociais, na qual todos trabalhariam em conjunto buscando sempre o bem-estar social. Idéias realmente admiráveis, que não convenceram Engels (nem Marx). Engels prefere mostrar essas contradições entre classes (burguesia e proletariado) num movimento dialético investigando o processo histórico e econômico e estabelecendo a revolução como única forma de retomar o poder das mãos da classe opressora e pôr fim ao caráter antagonista do desenvolvimento histórico.
Mesmo mais de 100 anos após o lançamento de sua obra e da “contaminação” de diversos intelectuais espalhados pelo mundo, Engels, se vivo e no Brasil, observaria uma sociedade muito similar à sua. As relações de produção continuam com as mesmas bases, mascaradas por algumas leis trabalhistas e populistas, enriquecendo aqueles já favorecidos e tapeando os despossuídos, ignorantes demais para emergir de sua realidade; veria o poder político ainda nas mãos das elites, o território do país ainda divido em capitanias hereditárias; enfim, veria que a injustiça, a desigualdade, a exploração, o capitalismo venceram.
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