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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Do socialismo


A principal contribuição do pensamento de Marx e Engels foi propor através de outros métodos de análise, uma nova forma de interpretação das relações sociais. Ao evidenciarem os antagonismos e contradições presentes na sociedade capitalista, ressaltaram seu caráter transitório, mesmo porque, tais contradições, segundo eles, não poderiam ser superadas, sem que a própria estrutura de produção capitalista, também o fosse. Neste processo de transformação social, o proletariado assumiria a vanguarda revolucionária e a liderança na construção de uma nova forma de organização social: o socialismo.

Três correntes do pensamento europeu da época foram determinantes na construção da proposta socialista marxista: a perspectiva política construída a partir do socialismo utópico; a perspectiva filosófica construída a partir da dialética hegeliana; e por fim, a perspectiva econômica com base na economia política inglesa.

O socialismo utópico, que teve nomes como Saint Simon, Charles Fourier, Proudhon e Robert Owen, consistia numa eliminação das diferenças através do fim das relações de privilégios, adquirindo então uma perspectiva de igualdade política e social entre todos os cidadãos. Marx e Engels destacaram a originalidade das ideias de seus antecessores. Porém, não deixaram de atribuir críticas a esses socialistas, em razão da incapacidade de embasarem teoricamente suas ideias e atribuir-lhes uma perspectiva prática. Na concepção marxista, a construção do socialismo implicava em compreender a gênese e a consolidação da sociedade capitalista, suas relações de antagonismo e exploração, e a partir disso identificar o agente revolucionário – a classe proletária, capaz de conduzir a sociedade ao estágio de igualdade.

O pensamento de G.Hegel, defendia a ideia de que o pensamento é a mola propulsora da realidade, explicitando na máxima “o racional é real; o real é o racional”. Segundo essa teoria, tudo o que existia tendia a se extinguir em razão do seu contrário. Em contrapartida, outro pensador alemão, L. Feuerbach, defendia o fato de que o material (a natureza) e não a ideia (o homem) seria a causa de todas as coisas. Criticando essas duas correntes de pensadores, Marx introduz um novo conceito filosófico: o materialismo dialético. Nele considera as condições materiais como resultado da ação humana, e que, embora possamos tentar compreender e definir o homem pela consciência, linguagem e religião, o que fundamentalmente o caracteriza é a forma pela qual reproduz duas condições de existência. A partir dessa perspectiva, o estudo das relações sociais deve proceder de uma perspectiva dialética e material, pois, estabelecer as leis de transformação da realidade em fatos concretos é essencial para que se torne possível entender a realidade de forma total.

Na interpretação de Marx e Engels, as críticas atribuídas aos economistas clássicos referem-se à noção de que riqueza e trabalho ocorrem individualmente, atribuindo importância à propriedade privada, sem, entretanto, explicar suas origens e características, além de não perceberem as relações entre fatores como concorrência, liberdade de ofício, divisão da propriedade, e assim, conceberam uma condição inaceitável de neutralidade às instituições capitalistas. Para os dois pensadores, uma análise correta do homem implicaria, necessariamente, na compreensão do processo de produção social da riqueza.

Com esse pensamento, Marx e Engels buscaram explicar o mundo em que viviam e formas de corrigí-lo.

Na análise marxista, a sociedade capitalista é constituída fundamentalmente em duas classes sociais: a burguesia, proprietária dos meios de produção; e o proletariado, vendedor de sua capacidade de trabalho, sendo a relação entre essas classes composta por antagonismo e oposição, uma vez que a burguesia pressupõe a expropriação do proletariado, tanto dos meios de produção, quanto do produto do seu trabalho, obrigando-os venderem sua capacidade de trabalho em troca de um valor que possa garantir sua sobrevivência. Com esse cenário, composto de proprietários (tese) e trabalhadores (antítese), o conflito social se torna inevitável (síntese). O antagonismo entre as classes sociais reflete as posições desiguais e diferentes que os integrantes dessa sociedade ocupam na produção social. Esse conflito de interesses que alimenta a luta de classes, na concepção de Marx - a história de todas as sociedades é a história das lutas de classes - é identificado como sendo o “motor da história”. Desta maneira, a classe oprimida seria o agente transformador, que ao negar a estrutura social que oprime, propõe derrubá-la e ,assim, edificar uma nova relação social de produção.

Esses conflitos se intensificam quando o assunto é a carga horária do trabalho e, ainda mais, quando o valor que o trabalhador produz em seu posto de trabalho é muito maior do que o valor do salário que recebe. O trabalho excedente extraído durante o processo de produção, que enriquece o empregador, a partir da superexploração do trabalhador e ocultando na ideologia capitalista, é denominado mais-valia.

A mais-valia absoluta resulta do aumento da carga horária de trabalho preestabelecida pelo empregador. Quando novas tecnologias são implementadas, de maneira à proporcionar a redução do tempo gasto na produção das mercadorias e melhorar a qualidade das mesmas, o que consequentemente proporciona o aumento da produtividade, sem que haja melhorias de salário e menores jornadas de trabalho, denomina-se mais valia-relativa.

Assim, o trabalhador se torna alienado, ou seja, ocorre a separação entre o trabalhador e a mercadoria, uma vez que há a perda da posse, do conhecimento sobre as etapas de produção e do consumo. As relações se reificam, como se o produto do trabalho ganhasse vida.

Com tantas contradições e alta tecnologia e ciência adquirida até o século XX, Marx e Engels defendem uma ditadura do proletariado por meio de revolução como sendo a única forma de promover uma maior igualdade entre os membros da sociedade, sintetizada na máxima: “Trabalhadores de todo mundo, uni-vos!”.

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