Marx e Engels eram parceiros na interpretação do capitalismo. Engels é quem vai chamar a realidade concreta pertecente à Marx, quando este último elabora suas análises num plano mais idealizado. Esse papel de Engels tem um fundamento bastante pitoresco, o que torna possível a ele o contato com a realidade, e principalmente, com a realidade trabalhadora e proletária.
Ao usarem o método de interpretação da realidade, ou seja, o materialismo dialético (interrompimento da metafísica, ideia de materialidade que se opõe à metafísica) como método científico, a fim de implantar o socialismo universal, Marx e Engels vão passar a estudar e a interpretar inicialmente o socialismo utópico, o qual vinha da espontaneidade humana e que, para eles, era impossível de transformar o mundo real, as situações atuais da época.
Engels faz um elogio ao iluminismo no que que representou um novo tempo, o advento do racionalidade e um rompimento relativo com a religiosidade. Com a realização de novas transformações políticas como essa, para Engels, a ideia de liberdade passa a ter como sinônimo a liberdade de mercado (destruição dos privilégios de classe), liberdade burguesa.
Essa emancipação provoca uma construção de uma nova imagem: a razão iluminista cumpre um papel em um certo momento, mas depois não serve mais porque a burguesia vai ser uma classe que carrega em si mesma, a sua própria antítese. Engels então pensa em uma transformação diferente da transformação burguesa; uma transformação que signifique a emancipação dos homens (opõe-se à forma repressiva da burguesia, à oposição permanente, à afirmação e negação contínua).
O materialismo dialético torna-se uma forma de analisar a dinâmica da sociedade concretamente a fim de chegar à transformação. Essa dificuldade de perceber essas contradições permanentes que vai fazer com que Engels critique os socialistas utópicos, pois considerava o socialismo utópico algo impossível de se universalizar. Era utópico para Engels, porque não conseguia sobreviver em uma época que o capitalismo se desenvolvia, e porque eram baseadas em experiências isoladas, sem base científica que pudesse garantir sustentabilidade.
A ideia de socialismo para engels e Marx, só era possível por meio de uma interpretação profunda da realidade, e então pensar em maneiras de fazer o socialismo emergir sem, contanto, contar com experiências pontuais. A ideia de socialismo é a ideia que há forças potenciais que possam gerar uma energia social revolucionária, transformadora, criando uma nova forma de pensar e de se produzir e que gere riquezas em abundância para todos ; e era função do materialismo dialético, e não a ideia iluminada, descobrir tais forças. Não é somente a razão pensante que leva ao socialismo e sim ela combinada com as condições históricas, e isso vai fazer emergir o momento ideal para a emersão do socialismo (como ciência e não como estado de alma).
Engels quer a verdade científica (é extremamente objetiva, daí a ideia do materialismo e as condições históricas. É adquirida por meio da análise rigorosa da realidade da época e não a realidade para todo o sempre). Para Engels, esse socialismo primitivo -socialismo utópico- é incapaz de entender a realidade do seu tempo. Surgem então teorias de socialismo famosas como o de Saint-Simon (ideia de que os elementos ociosos fossem eliminados por serem patológicos e houvesse uma sociedade onde o governo fosse exercido pela ciência e indústria liderado pelos trabalhadores, antecipando a importância econômica como base das instituições políticas), Owen (acreditava no cooperativismo entre os operários e insdustriais e no desprendimento burguês de sua relação selvagem de acumulação no sentido de uma cooperação em prol da produção e do bem coletivo) e Fourier (produção comunitária, comunidade autogerida com uma perspectiva de emancipação. Também defende a liberdade de aprisionamento do mercado, do trabalho).
Para Engels, as propostas e ideias desses filósofos socialistas eram utópicas e portanto deveriam ser extintas.Tais propostas eram baseadas em experiências isoladas ou análises de uma ideia de revelação por homens especiais, portanto, haveria muita dependência e não havia a garantia que eram propostas formadas pela racionalidade. O socialismo real e verdadeiro não partia de uma simples vontade ou ideia dos homens, mas sim, das condições históricas.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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