“Do socialismo utópico ao socialismo científico”, reelaboração do terceiro capítulo do livro “Anti-Düring” de Friedrich Engels, traz a discussão comparativa entre as diversas vertentes do socialismo, além de apresentar a oposição entre dialética e metafísica, idealismo e materialismo, para então sintetizar a teoria comunista.
De acordo com Engels, os primeiros socialistas, contemporâneos do Iluminismo, desejariam evidenciar a corrupção da classe burguesa e destruir toda e qualquer diferença de classe. O equívoco de tal vertente, entretanto, teria sido se utilizar apenas da racionalidade, e não da análise do processo histórico para discutir e esclarecer a situação vigente. Com os utópicos, portanto, o socialismo surge como verdade absoluta a ser revelada, e que, nas palavras de Engels, “como não está sujeita a condições de espaço e de tempo nem ao desenvolvimento histórico da humanidade, só o acaso pode decidir quando e onde essa descoberta se revelará.”
Para que se desenvolvesse o socialismo como ciência, deveria-se atentar à realidade, construída historicamente através do processo dialético (apresentado por Hegel como a construção, a partir de uma tese e sua antítese, de uma síntese, a partir da qual o processo se reiniciaria). Por tal motivo, Engels critica a metafísica e a fragmentação do conhecimento, que por restringir a visão do todo, impediria o referido processo dialético.
A proposição de Hegel, no entanto, apresentaria teor essencialmente idealista, fornecendo a conclusão de que a realidade vincula-se à mente, à projeção de suas idéias, proposição inteiramente rejeitada por Engels. Este, adepto do materialismo, julga encontrarem-se as respostas aos conflitos humanos existentes na própria história, cujos padrões de desenvolvimento deveriam ser pesquisados e analisados. Tal tarefa ficaria a cargo do novo socialismo, dotado de caráter científico. Sua função seria desvendar as leis históricas, das quais a primordial seria a luta de classes, e decifrar as contradições capitalistas.
Engels passa então a analisar o modo de produção capitalista, seu surgimento e suas implicações na sociedade. Para a implantação do capitalismo, foi necessário que se substituísse o modo de produção feudal, com seus privilégios e sua improdutividade, por meios sociais de produção em maior escala. O produto do trabalho, então, que não exigia mais o conhecimento requerido pelo método artesanal, passaria também a ser social, sendo apropriado pelos proprietários dos meios de produção. Tal alienação do produto do trabalho em relação a seu produtor constituiria, segundo Engels, as raízes dos conflitos ocorridos em tempos capitalistas. Em seguida, a competição de mercado tomaria proporções globais, guiando ao constante aperfeiçoamento das forças produtivas e à intensificação do trabalho humano. A contradição do capitalismo se encontraria, na visão de Engels, assim como na de Marx, justamente no fato deste produzir ao mesmo tempo a abundância de produtos e riquezas e a miséria dos operários empregados em seu processo. A conclusão a que ambos chegam é a da necessidade de superação de tal modelo, iniciada pela tomada de consciência em relação às forças produtivas. Posteriormente, o Estado burguês seria tomado pelo proletariado, que transformaria as forças produtivas em um benefício a todos, acabando com a divisão social do trabalho e estendendo a toda a sociedade os avanços tecnológicos até então adquiridos. Nessa situação, suprimiria-se, por fim, o Estado, uma vez inexistentes os antigos antagonismos.
A proposição de Engels mostra-se, em alguns aspectos, inegavelmente humana e justa, e, em teoria, pode soar absolutamente promissora, mas é o caso de nos perguntarmos se não seria, da mesma maneira da proposta pelos socialistas que o antecederam, utópica, especialmente se observarmos a historicamente constante apatia e alienação da classe trabalhadora em relação às condições sociais nas quais se inscreve. Submetida a condições de miséria financeira e intelectual, essa classe costuma voltar-se apenas àquilo que propiciar sua sobrevivência mais certamente, ou ao que lhe conferir qualquer pequena, mas tão desejável melhoria de qualidade de vida, não demonstrando, na maior parte das vezes, impulsos revolucionários consideráveis.
De acordo com Engels, os primeiros socialistas, contemporâneos do Iluminismo, desejariam evidenciar a corrupção da classe burguesa e destruir toda e qualquer diferença de classe. O equívoco de tal vertente, entretanto, teria sido se utilizar apenas da racionalidade, e não da análise do processo histórico para discutir e esclarecer a situação vigente. Com os utópicos, portanto, o socialismo surge como verdade absoluta a ser revelada, e que, nas palavras de Engels, “como não está sujeita a condições de espaço e de tempo nem ao desenvolvimento histórico da humanidade, só o acaso pode decidir quando e onde essa descoberta se revelará.”
Para que se desenvolvesse o socialismo como ciência, deveria-se atentar à realidade, construída historicamente através do processo dialético (apresentado por Hegel como a construção, a partir de uma tese e sua antítese, de uma síntese, a partir da qual o processo se reiniciaria). Por tal motivo, Engels critica a metafísica e a fragmentação do conhecimento, que por restringir a visão do todo, impediria o referido processo dialético.
A proposição de Hegel, no entanto, apresentaria teor essencialmente idealista, fornecendo a conclusão de que a realidade vincula-se à mente, à projeção de suas idéias, proposição inteiramente rejeitada por Engels. Este, adepto do materialismo, julga encontrarem-se as respostas aos conflitos humanos existentes na própria história, cujos padrões de desenvolvimento deveriam ser pesquisados e analisados. Tal tarefa ficaria a cargo do novo socialismo, dotado de caráter científico. Sua função seria desvendar as leis históricas, das quais a primordial seria a luta de classes, e decifrar as contradições capitalistas.
Engels passa então a analisar o modo de produção capitalista, seu surgimento e suas implicações na sociedade. Para a implantação do capitalismo, foi necessário que se substituísse o modo de produção feudal, com seus privilégios e sua improdutividade, por meios sociais de produção em maior escala. O produto do trabalho, então, que não exigia mais o conhecimento requerido pelo método artesanal, passaria também a ser social, sendo apropriado pelos proprietários dos meios de produção. Tal alienação do produto do trabalho em relação a seu produtor constituiria, segundo Engels, as raízes dos conflitos ocorridos em tempos capitalistas. Em seguida, a competição de mercado tomaria proporções globais, guiando ao constante aperfeiçoamento das forças produtivas e à intensificação do trabalho humano. A contradição do capitalismo se encontraria, na visão de Engels, assim como na de Marx, justamente no fato deste produzir ao mesmo tempo a abundância de produtos e riquezas e a miséria dos operários empregados em seu processo. A conclusão a que ambos chegam é a da necessidade de superação de tal modelo, iniciada pela tomada de consciência em relação às forças produtivas. Posteriormente, o Estado burguês seria tomado pelo proletariado, que transformaria as forças produtivas em um benefício a todos, acabando com a divisão social do trabalho e estendendo a toda a sociedade os avanços tecnológicos até então adquiridos. Nessa situação, suprimiria-se, por fim, o Estado, uma vez inexistentes os antigos antagonismos.
A proposição de Engels mostra-se, em alguns aspectos, inegavelmente humana e justa, e, em teoria, pode soar absolutamente promissora, mas é o caso de nos perguntarmos se não seria, da mesma maneira da proposta pelos socialistas que o antecederam, utópica, especialmente se observarmos a historicamente constante apatia e alienação da classe trabalhadora em relação às condições sociais nas quais se inscreve. Submetida a condições de miséria financeira e intelectual, essa classe costuma voltar-se apenas àquilo que propiciar sua sobrevivência mais certamente, ou ao que lhe conferir qualquer pequena, mas tão desejável melhoria de qualidade de vida, não demonstrando, na maior parte das vezes, impulsos revolucionários consideráveis.
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