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sexta-feira, 31 de março de 2023

O positivismo como corrente da estagnação

O filósofo francês Auguste Comte, responsável pela formulação da doutrina positivista, foi de suma importância para a constatação das ciências sociais como passíveis de estudo e análise durante os séculos XIX e XX. Entretanto, o conceito de Física Social, desenvolvido pelo autor, foi proposto como um movimento estático, no qual a ordem e o progresso eram pensados como ferramentas necessárias para evolução da sociedade. Esse pensamento, por sua vez, foi reproduzido por décadas sem que fosse adequado a cada período histórico e suas especificidades. 

Nota-se o emblemático uso do positivismo na consolidação da República Brasileira, ainda em 1889, através de um golpe militar, e como o seu lema ``ordem e progresso´´ foi utilizado no centro da bandeira nacional. Mais do que expor o novo rumo que a sociedade nacional tomaria, seu uso foi claramente com o objetivo de formar uma mentalidade e ideologia de imobilização e promover um senso coletivo de que a partir daquele momento se veria o real progresso.


Não é surpresa que na atualidade o pensamento positivista ainda se faz presente. Em um momento de incertezas e dúvidas, parte da sociedade busca utilizá-lo como ferramenta de segregação e imposição social através da coerção. Outrossim, o progresso que o autor busca alcançar não é relativo à justiça social e equidade de oportunidades, mas sim, como meio de paralisar as dinâmicas transformadoras intrínsecas às sociedades modernas, nas quais o progresso é pensado através da ampliação dos espaços de pertencimento e fala, e não mais como mero avanço econômico ou estagnação das possibilidades de se almejar o novo.


Guilherme Ferreira Ghiraldelli-1° ano Direito(matutino)

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