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sexta-feira, 31 de março de 2023

O positivismo in(corpo)rado pela sociedade nos dias atuais

 Fome, miséria, desnutrição, doenças, morte e estupro. Essa é a crise humanitária que os Yanomamis estão passando. Para alguns, a instabilidade que eles vivenciam serve de justificativa para mostrar à sociedade como eles precisam se integrar com ela para poderem sobreviverem e se desenvolverem, tal como pensava Auguste Comte. Outros, no entanto, conseguem enxergar o descaso governamental e social, bem como a urgência de superar essa visão positivista e utilitarista de que os indígenas devem seguir a lógica europeia para poderem garantir seus direitos básicos como seres humanos. Com isso, questiona-se: esse mito determinista e de superioridade branca ainda é (ou já foi?) cabível na vida social?


               Desde o darwinismo social como "argumento" para a escravidão até os dias atuais com o descaso aos povos indígenas e originários é possível notar uma crença nos estágios criados por Comte. Teológico, passando para o metafísico e, por fim, o positivo. Para ele, esses povos seriam inferiores apenas por estarem em uma "fase" diferente. Será que tal hierarquização meritocrática vai de encontro à uma democracia horizontal com a igualdade de todos perante à lei? Será que a ciência social tem que ser igual uma ciência exata passando por uma incansável sistematização e por leis invariáveis? É assim que a sociedade age? Esses questionamentos se voltam à crise humanitária vivenciada pelos indígenas brasileiros. Talvez, se a sociedade, bem como o ex-presidente do Brasil que diversas vezes problematizou a demarcação de terras, parassem de ter essa visão  capitalista acerca dos povos originários, poderíamos enxergar que não, a sociologia não é exata e a exigência de fazê-los agir e ter o mesmo modo de vida que o nosso mostra que não há uma igualdade e que, na verdade, o que está acontecendo é um genocídio.


               Em suma, a visão positivista de hierarquia social, em que algumas civilizações são "melhores" do que outras, porque apresentam maior desenvolvimento técnico- científico não cabe e nunca coube na vida social. É uma forma de silenciar tais povos e ignorar a crise humanitária que eles passam. É uma ideia utilitarista da sociedade e também uma teoria sociológica com "fases" inexistentes, já que a realidade social não perpassa por estágios, mas sim por fome, miséria, desnutrição, doenças, morte e estupro...

                      Isabela Junqueira RA: 231223315  

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