Você é fruto das contradições de seu tempo
De tudo o que produz, produziu
e produzirá
Dono da força motriz que move
o mundo
E que o constrói diariamente
Mas, subitamente, tudo muda
A terra em que pisa, não é
mais sua
E o seu trabalho contém suas
lágrimas, sangue e suor
Mas não mais possui sua marca
Antigo servo de sua vida e sua
vontade
Agora é servo da vontade de
outrem, um proletário
Um senhor invisível, te toma o
possível e exige o impossível
Perante ao capital, você é desprezível
Você agora vive uma vida
flexível
Mas ela nunca foi mais rígida
Deixou de ser humano, você
agora é produto
E deve se vender, sem olhar
quem te comprará
Em um novo mundo, onde tudo
pertence a alguém
Nada te pertence, nem mesmo
sua própria vontade
E a ética? E o compromisso? Teve
de jogar fora
Eram um peso da sua vaidade: útil
a toda a gente, mas inútil à coisa
Você agora é uma coisa, e
jamais questionará seu lugar como coisa
Coisa não questiona, coisa é e
pronto
Isso é universal, não são
todas as coisas frutos da mesma coisa?
O capital junta coisa com
coisa e nasce outra coisa, não é fantástico?
Mas a verdade, é que você se tornou
menos que uma coisa
Você não é nada
Tudo se constitui graças a
você, mas você não se constitui, não se reconhece
É como uma poeirinha inconveniente,
uma sujeirinha qualquer que deve ser limpada
Por falar nisso, alguém pode
limpar esse corredor?
Tem uma sujeirinha ali, que
foi coberta com guarda-sóis
Limpem o quanto antes, o
mercado não pode fechar
O mercado não pode parar.
Matheus Guimarães Ferrete - 1º Ano Direito (Noturno)
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