Crise de Percepção
Segundo
Hannah Arendt, evitar responsabilidades e não julgar leva os indivíduos a
cometerem aberrações, que a ordem fascista prega. A ascensão do fascismo é um
exemplo da falta de questionamento por parte de seus adeptos, no qual eles creem
que é através de um regime totalitário, e é pela eliminação do outro que a paz
e ordem serão garantidas. Existe uma crise de percepção, sobre o outro e sobre
o que é paz.
O
fascismo é um aglomerado hegemônico, em que o indivíduo se dilui para seguir um
líder, desta forma o “outro” é qualquer indivíduo que não pertença ao regime,
portanto uma ameaça ao comportamento de bando dos fascistas. A partir disto
surgiram aberrações como a Solução Final do Estado Nazista, no qual o “outro” –
judeus, ciganos, homossexuais, doentes físicos e mentais – era responsabilizado
por todos os dissabores da vida humana, assim somente com a eliminação do “outro”
haveria a realização do grupo. No entanto, o silêncio devido as mortes de inúmeras
pessoas não foi paz, e sim um genocídio.
Segundo
a teoria dos sistemas a existência é uma teia da vida, ou seja, todos estão
conectados, são interdependentes do “outro” para existirem. A crise de percepção
provém da ideia de que o outro é alguém além de mim, separado, quando na
verdade estamos intrinsecamente ligados. Os juros pagos a esta falta de
entendimento são corpos incinerados, torturados, perdidos. Os estrangeiros
somos nós, que renunciamos nossa essência em nome do medo, para participar de
grupos fascistas que dizem garantir a nossa segurança.
Diante
deste cenário, entende-se que a desgraça não está na ação do diferente a mim,
mas na própria ignorância, que entende a vida como retalhos. Sendo esta uma
vida mutilada por autoflagelos, infligidos na própria alma humana.
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