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domingo, 31 de março de 2019

Uma sociedade interligada pela ciência


Durante a Idade Média, a Igreja Católica concentrava o poder ideológico e, portanto, era ela quem permitia quais os conhecimentos sobre o mundo as pessoas poderiam adquirir, tanto que as primeiras universidades eram ministradas por pessoas pertencentes à Igreja.  Depois desse monopólio cultural religioso, a ciência (conhecimento científico atingido através da razão) começou a ser pensada, escrita e divulgada por esses cientistas, sendo que eles enfrentavam o poder do Clero somado aos julgamentos conservadores da sociedade, com o propósito de questionar paradigmas que sempre foram dados como corretos, mas sem nenhuma base científica que comprovasse sua validez.
Desde então, é preciso explicitar que as pessoas passaram a acreditar, majoritariamente, no conhecimento derivado da razão com respaldo científico, e com isso, corpos políticos utilizaram esse fato para desenvolver teorias que manipulassem a opinião pública objetivando ascender no poder político de uma região.  E dessa forma emergiu o fascismo, um governo autoritário de extrema direita opressor das liberdades individuais, como as perseguições aos opositores ideológicos, sendo que tais ideais contêm cunho científico e racional.
Relacionado a essa administração antiliberal, é visível no filme O Ponto de Mutação, baseado na obra de Fritjof Capra, o conceito mecanicista elaborado por René Descartes. Tal discurso afirma que as ideias devem ser divididas em setores para análises separadas e assim será possível a conclusão do conhecimento verdadeiro. Esse conceito pode ser aplicado ao fascismo, pois além de haver a individualização dos problemas de uma sociedade, faz-se o apontamento de soluções definitivas para eles. Exemplificando, os problemas da população alemã, sob influência do nazifascismo, eram setorizados para grupos específicos, como os judeus, e por isso, a exterminação desses sujeitos do país significariam o fim das dificuldades nacionais. Para afrontar esse mau uso da concepção racional, muitas vezes baseadas em preconceitos e dizeres falaciosos, a ciência propôs uma nova maneira de analisar o mundo, e isso seria através da visão sistêmica. A hipótese sugere que nenhuma situação é separada e independente, e com isso, as circunstâncias, para buscar um equilíbrio, devem ser analisadas e solucionadas como um conjunto.
Dessa forma, para que escapemos do fascismo, é preciso valorizar uma ciência capaz de revelar que todas as ações estão interligadas, e ao mesmo tempo, preparar os indivíduos para a impossibilidade de viver em uma sociedade ministrada por uma perfeição prometida.
Sarah Fernandes de Castro     Direito/noturno


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