Durante a Idade Média, a Igreja
Católica concentrava o poder ideológico e, portanto, era ela quem permitia quais
os conhecimentos sobre o mundo as pessoas poderiam adquirir, tanto que as
primeiras universidades eram ministradas por pessoas pertencentes à
Igreja. Depois desse monopólio cultural
religioso, a ciência (conhecimento científico atingido através da razão)
começou a ser pensada, escrita e divulgada por esses cientistas, sendo que eles
enfrentavam o poder do Clero somado aos julgamentos conservadores da sociedade,
com o propósito de questionar
paradigmas que sempre foram dados como corretos, mas sem nenhuma base
científica que comprovasse sua validez.
Desde então, é preciso explicitar que
as pessoas passaram a acreditar, majoritariamente, no conhecimento derivado da
razão com respaldo científico, e com isso, corpos políticos utilizaram esse
fato para desenvolver teorias que manipulassem a opinião pública objetivando ascender
no poder político de uma região. E dessa
forma emergiu o fascismo, um governo autoritário de extrema direita opressor das
liberdades individuais, como as perseguições aos opositores ideológicos, sendo
que tais ideais contêm cunho científico e racional.
Relacionado a essa administração
antiliberal, é visível no filme O
Ponto de Mutação, baseado na obra de Fritjof Capra, o conceito mecanicista elaborado
por René Descartes. Tal discurso afirma que as ideias devem ser divididas em
setores para análises separadas e assim será possível a conclusão do
conhecimento verdadeiro. Esse conceito pode ser aplicado ao fascismo, pois além
de haver a individualização dos problemas de uma sociedade, faz-se o apontamento
de soluções definitivas para eles. Exemplificando, os problemas da população alemã,
sob influência do nazifascismo, eram setorizados para grupos específicos, como
os judeus, e por isso, a exterminação desses sujeitos do país significariam o fim das dificuldades nacionais. Para afrontar esse mau
uso da concepção racional, muitas vezes baseadas em preconceitos e dizeres falaciosos, a ciência propôs uma nova maneira de analisar o
mundo, e isso seria através da visão sistêmica. A hipótese sugere que nenhuma
situação é separada e independente, e com isso, as circunstâncias, para buscar um equilíbrio, devem ser analisadas e solucionadas como um
conjunto.
Dessa forma, para que escapemos do
fascismo, é preciso valorizar uma ciência capaz de revelar que todas as ações estão
interligadas, e ao mesmo tempo, preparar os indivíduos para a impossibilidade
de viver em uma sociedade ministrada por uma perfeição prometida.
Sarah Fernandes de Castro Direito/noturno
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