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domingo, 31 de março de 2019

O ego humano e a busca pelo poder

   A todo momento uma gama de eventos ocorre ao redor do globo, e é perceptível que suas respectivas consequências afetam toda uma sociedade e os indivíduos e elementos inseridos nela. Esta visão mais sistêmica do mundo é abordada ao longo da discussão entre os personagens do filme "Ponto de Mutação", baseado no livro homônimo, os quais debatem acerca dos mais variados problemas que envolvem a humanidade e a natureza, buscando diferentes soluções que pudessem surtir efeitos duradouros e abrangentes.
   O método científico de René Descartes é alvo de críticas na conversa, uma vez que a separação de algo para analisá-lo e compreendê-lo parte por parte não permite que haja o entendimento pleno do seu funcionamento; é possível, por exemplo, saber as mecânicas e os componentes de cada órgão do corpo humano de maneira a combater doenças e desgastes que venham a acometê-lo, porém não se é valorizada a possibilidade de evitar, adiar ou minimizar tais problemas, não havendo a necessidade imediata de fazer algum tipo de intervenção direta. A visão também mecanicista de Francis Bacon é abordada negativamente, pois o filósofo inglês afirmava que a natureza deveria ser domada pelo ser humano e que "saber é poder", dando margem ao ideal de exploração incansável de recursos naturais e de busca constante de uma resposta definitiva para tudo, podendo ignorar as consequências de seus atos por causa de um bem considerado "maior" (o que não aconteceu com Sônia, personagem protagonista, que afirma ter abandonada a carreira de física por ter percebido que seu projeto foi utilizado para os fins errados).
   Pode-se estabelecer também uma relação do filme com a ocorrência do fascismo no período entreguerras, uma vez que o surgimento de grandes líderes, destacados pelo seu nacionalismo extremo, carisma e autoritarismo, aliado a momentos conturbados vivenciados no momento (relação direta com eventos como Primeira Guerra Mundial e a devastação, a Crise de 1929 e a instabilidade do sistema capitalista, e a Revolução Russa e o temor do socialismo), fez com que a população no geral aceitasse ser guiada para um caminho supostamente de glória jamais alcançado, não importando o preço que se pudesse pagar (muitas vezes acobertados pelos regimes autocráticos) para eliminar os inimigos da nação e atingir os objetivos. Atualmente, é necessário que o olhar mais sistemático do mundo seja mais prevalente, pois além de ter maiores possibilidades de buscar respostas genuínas para os problemas já existentes, "cortando-os pela raiz" e sem afetar os outros, também evita-se ser ludibriado por promessas realizadas por indivíduos egoístas, autoritários e corruptos, adeptos de um modelo fascista ou de qualquer linha de pensamento que dê suporte somente para as ambições suas e dos pertencentes ao seu grupo.

Eduardo Cortinove Simoes Pinto
Direito Matutino - 1°ano

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