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domingo, 10 de setembro de 2017

Liberdade condicionada

“Todos são livres” é o que o senso comum acredita quando se pensa sobre a liberdade, ainda mais em uma sociedade ordenada por um Direito que afirma e regulamenta isso. Mas será que todas as pessoas são verdadeiramente livres? Hegel diria que sim, uma vez que a história humana segue trajetória de crescente ampliação da liberdade devido à correção que cada época faz de sua precedente e o Estado, de onde nasce o Direito, tem a liberdade de cada indivíduo emanado em si. Marx, no entanto, nega a dialética hegeliana acerca da liberdade, bem como o que o seu influenciador teorizou. Para ele, a liberdade é intrínseca ao objeto: quanto mais meios materiais uma pessoa possui, mais livre ela é.
Analisando situações reais com a ótica marxista, é possível concluir que há correspondência entre essa teoria e o fato cotidiano. Vamos ilustrar com a seguinte situação: Martha sai de sua cidade natal para fazer faculdade e, devido à boa condição financeira de seus pais, ela não precisou se preocupar com a qualidade de vida que terá longe de casa. O mesmo não se pode dizer de Elaine, uma menina que passou em um vestibular de alta concorrência em uma universidade do estado de São Paulo, mas que teve de negar um futuro por sua família não ter condições de mantê-la. Ambas possuem a liberdade de escolha, mas suas decisões foram determinadas pela materialidade. Esse breve exemplo, dentre outros diversos que poderiam ser citados, mostra a disparidade existente entre os indivíduos. As desigualdades, de fundo econômico, social e político, impedem com que as pessoas tenham acesso às mesmas oportunidades e, a partir disso, à mesma condição de liberdade.

A nossa liberdade é condicionada por uma materialidade que não abrange a todos homogeneamente. O Direito atestar a liberdade como algo acessível a todos é uma das formas que a classe dominante utiliza para introduzir seus preceitos no meio social e manter-se hegemônica, uma vez que essa instituição cerceadora da sociedade e a qual recorremos para organizar os nossos conflitos é, segundo Marx, apenas a imposição das particularidades burguesas sobre os outros.  


Yasmin Fernandes Soares da Silva - 1º ano Direito [matutino]

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