A dialética idealista de Hegel e a materialista de Marx, que se contrapõem e discordam tanto, coexistem. Não digo que ambos estavam certo em nas suas falas de que a realidade é composta por suas respectivas dialéticas, mas que as existem em nosso imaginário.
O ser humano tende a utilizar-se da perspectiva que melhor o favorece em qualquer situação, o que acarreta, muitas vezes, em contradições. Aqui, somo marxistas, ali, somos hegelianos. Tendemos mais ainda em ver o concreto do outro e o nosso abstrato, a minha intenção, a sua ação. Hegel falava de um Espírito, espírito que nós vemos em nós mesmos, nas pessoas próximas de nós, na realidade em que acreditamos e na realidade que queremos para o futuro. Enquanto o material, as reais consequências, o funcionamento do dia a dia na prática, são creditados àquilo que somos distantes, que talvez não concordemos. E, apesar dessa dinâmica ser o que geralmente acontece, não nos abstemos de trocar as visões se isso nos convém.
No entanto, a verdade é que nem Hegel, nem Marx construíram seus pensamentos em volta do indivíduo. No que essa discussão discussão afeta a sociedade em geral, afinal? O mundo está cheio de idealistas, de materialistas e, consequentemente, das discussões entre eles. Essas discussões, como é possível ver no ambiente de instabilidade moral e financeira atual, agitam e movem a sociedade em determinadas direções. Uns gritam por valores morais, outros gritam por valores financeiros. Quem é que diz qual está certo quando ambos valores trazem consequências?
Esse entrave é tão presente hoje, e uma dialética está tão misturada à outra, que o nosso presente é praticamente impossível de se discutir chegando-se à uma conclusão, o que nos leva à grande confusão atual. Talvez tudo isso aconteça porque não conseguimos decidir se somos utilitaristas, materialistas, idealizadores ou qualquer outra categoria. Talvez sejamos tudo, e, então, não saibamos conciliar as infinitas visões que temos do mundo.
Débora Graziosi Ferreira Ramalho
Diurno
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