Do início das civilizações, desde os tempos mais longínquos,
uma característica marca as sociedades: seu formato estamental, em forma de
pirâmide, onde muitos possuem pouco e poucos possuem muito. Não importa qual
civilização, sempre existia os exploradores e aqueles que eram explorados,
apenas muda-se os nomes. Nas sociedades antigas, como na Roma antiga, existiam
os Patrícios e os escravos, na Idade média existiam os Senhores feudais e os
servos, e no desenrolar da Idade Moderna, com a implementação do capitalismo e
do modo de produção industrial, surgem os Burgueses e os proletários.
Conforme dito na música “Savages” de Marina and the
Diamonds:
“É a sobrevivência do mais apto
Ricos contra os pobres
No final do dia
É uma característica humana
Escondida bem no fundo do nosso DNA
Por trás de tudo, nós somos apenas selvagens
Nós somos apenas animais ainda
aprendendo a engatinhar”
Porém, discordo de um ponto. Animais procuram usufruir
apenas o necessário para sua existência. Estando na natureza, todos são igual e
convivem de forma equilibrada, cada um exercendo sua função. O homem primitivo
viveu durante muito tempo da mesma forma que os animais, no período
pré-histórico, alimentando-se do que achava no solo, colhendo, e trabalhando
pelo seu próprio benefício. Com o tempo, a percepção, que o convívio coletivo e
a instauração de comunidades e famílias facilitariam as atividades cotidianas.
De qualquer forma, todos trabalham, e o fruto deste trabalho era repartido
igualmente entre todos. Com o desenvolvimento das técnicas de plantio e
pecuária, o homem passa a fabricar além daquilo que precisa, o excedente começa
a ser cobiçado. Conflitos e guerras dão origem a desigualdade e a exploração do
homem pelo homem, fenômeno existente até os dias de hoje.
Com a invenção da moeda, materiais e produtos deixam de ser
trocados e passam a ser vendidos. Com a maquinização dos processos, os artesãos
ficam para trás e são obrigados a vender sua própria força de trabalho para
sobreviver. Enormes indústrias são criadas para fabricar a maior quantidade no
menor tempo, vendendo produtos por um preço bem maior que seu custo real, centralizando
todo o lucro nas mãos dos grandes proprietários, e dando para os trabalhadores (que
são os que realmente produzem) o mínimo, do mínimo para sobreviver.
Durante anos e anos, pessoas trabalharam exaustivamente durante
quase o dia todo, mulheres grávidas e crianças, em indústrias fechadas, sem
descanso, sem condições de higiene e sem direitos. Pessoas sofriam acidentes,
perdiam partes do corpo, mas a produção não podia parar. E o resultado: os
ricos apenas se tornavam mais ricos e os pobres, mais pobres.
Com movimentos sindicais dos trabalhadores, muitos direitos
(que deveriam sempre ter existido) foram conquistados e o proletariado passa a
ter melhores condições. De qualquer forma, o burguês sempre arranja uma forma
de continuar explorando, como no exemplo da “mais valia”, fenômeno estudado por
Marx que demonstra a expropriação do valor do trabalho do proletário pelos
donos dos meios de produção, que sempre acabam ficando com o lucro, e pegando
ao trabalhador, menos do que o mesmo deveria ganhar.
Essa ambição, mesquinharia e egoísmo sem fim é o que tornou
o mundo tão desigual. Homens colecionam mansões enquanto outros vivem debaixo
de pontes. Do que adianta uma legislação que diz que todos têm direito a um
lar, a saúde, educação e lazer, se quando eu olho para a realidade, vejo que
isso de fato não acontece? Até quando países mais pobres vão ter sua matéria
prima explorada, e seus trabalhadores serão obrigados a trabalhar em regime de
escravidão (como o exemplo da marca de roupas ZARA) para que outras pessoas ostentem
produtos caríssimos, fabricados sob o suor não-remunerado de seres humanos,
assim como eles? Até quando pessoas morreram de fome, enquanto toneladas de
alimentos são desperdiçados diariamente em shoppings e grandes
estabelecimentos? Até quando pessoas morrerão nas filas de hospitais públicos
que não possuem verba para comprar materiais simples como luvas e seringas
enquanto milhões são desviados para o bolso de políticos corruptos?
Sintetizando, até quando a ganancia irá sobressair a compaixão e empatia pelo
próximo? Está é uma pergunta de uma importância tremenda, que com pesar, não
sei responder.
Yan Douglas Alves Teles - 1ºAno - Direito/Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário