Nos jogos eletrônicos, sejam de aparelhos
celulares, videogames ou computadores, há, frequentemente, um elemento que o
movimenta e traz propósito ao "continuar jogando": uma moeda. Seja
para melhorar aspectos do personagem ou de mecânicas do jogo, possibilitando
evolução, ou apenas para comprar acessórios e regalias dispensáveis, o dinheiro
se torna um objetivo presente durante toda a sua experiência com o jogo. Por um
lado, esses sistemas monetários permitem a sensação boa de que o esforço do
jogador foi recompensado. Por outro, sempre há limites; inevitavelmente chegará
uma hora em que tudo que poderia ser comprado já o foi, e não há mais nada a se
aproveitar do jogo em questão.
Transportando isso para o "mundo
real", o dinheiro é um elemento presente desde o nascimento do ser humano
na sociedade capitalista. É a força motriz do crescimento e desenvolvimento de
todos. Estuda-se para entrar em uma boa faculdade. Entra-se em uma boa
faculdade para obter um bom emprego. Trabalha-se para estabelecer renda, constituir
família e proporcionar bom padrão de vida para os filhos.
No entanto, embora seja debatível que,
assim como nos jogos, o dinheiro é a recompensa de um esforço (no caso, o
trabalho), muito dificilmente alguém "comprará tudo o que pode ser
comprado". Diferentemente dos jogos, o capitalismo sempre proporciona
inovações que atualizam o "menu" do que pode ser comprado. A vida e o
capital formam um ciclo sem fim para a existência, onde obtêm-se mais dinheiro
e gasta-se esse dinheiro, até a morte. E é difícil decidir se o que atualmente
ocorre é mais cruel do que se, de fato, houvesse um fim para esse ciclo; pois
dessa forma, toda a existência teria se provado inútil.
Para Marx, esse ciclo sempre crescente e
aprimorado das relações de mercado garante poder e autoridade à burguesia, às
custas de todos os outros. Inclui o mundo inteiro e, para que seja superado,
necessita da urgente intervenção do proletariado. Contudo, o próprio
proletariado está se acomodando com o pouco que o capitalismo os proporciona.
Por conta própria, está entrando no jogo sem fim do mundo real. O que muitas
vezes é pobreza generalizada passa a se confundir com humildade e torna-se
motivo de orgulho por parte dos próprios afetados. Será que algum dia seremos
libertos do ciclo, ou para sempre seremos os pobres jogadores do capitalismo?
Tiago Nery Constantino - 1º ano Direito Matutino
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