“Todo dia ela faz tudo
sempre igual
Me sacode às seis horas
da manhã
Me sorri um sorriso
pontual
E me beija com a boca
de hortelã
Todo dia ela diz que é
pra eu me cuidar
E essas coisas que diz
toda mulher
Diz que está me
esperando pro jantar
E me beija com a boca
de café
Todo dia eu só penso em
poder parar
Meio dia eu só penso em
dizer não
Depois penso na vida
pra levar
E me calo com a boca de
feijão
Seis da tarde como era
de se esperar
Ela pega e me espera no
portão
Diz que está muito
louca pra beijar
E me beija com a boca
de paixão
Toda noite ela diz pra
eu não me afastar
Meia-noite ela jura
eterno amor
E me aperta pra eu
quase sufocar
E me morde com a boca
de pavor
Todo dia ela faz tudo
sempre igual
Me sacode às seis horas
da manhã
Me sorri um sorriso
pontual
E me beija com a boca
de hortelã”
Cotidiano – Chico Buarque
Pode ser interpretado
na música acima a teoria positiva de Comte. Visto que tal teoria parte do
princípio de que os indivíduos deveriam aceitar a estrutura existente, assim
como os seus respectivos “lugares sociais” sem a contestação, o indivíduo da
canção apesar de pensar em poder parar, “se cala com a boca de feijão” e assim
faz diariamente, aceitando a ordem e a rotina em que se insere. A honra
relacionada ao trabalho ocasiona uma padronização social, pois procuraria
direcionar os indivíduos às premissas estabelecidas para um funcionamento da sociedade
carregado de ordem e posteriormente de progresso, ou seja, é criado um esforço
disciplinador da sociedade burguesa cruzada por contradições.
Maria Eduarda Ferrari Leonel - 1 Ano de Direito - Noturno
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