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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O ciclo da ordem

“Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã”

Cotidiano – Chico Buarque


Pode ser interpretado na música acima a teoria positiva de Comte. Visto que tal teoria parte do princípio de que os indivíduos deveriam aceitar a estrutura existente, assim como os seus respectivos “lugares sociais” sem a contestação, o indivíduo da canção apesar de pensar em poder parar, “se cala com a boca de feijão” e assim faz diariamente, aceitando a ordem e a rotina em que se insere. A honra relacionada ao trabalho ocasiona uma padronização social, pois procuraria direcionar os indivíduos às premissas estabelecidas para um funcionamento da sociedade carregado de ordem e posteriormente de progresso, ou seja, é criado um esforço disciplinador da sociedade burguesa cruzada por contradições. 

Maria Eduarda Ferrari Leonel - 1 Ano de Direito - Noturno

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