Judicialiazação é um
processo em que algumas questões que apresentam grande repercussão e importância
social e política na sociedade civil são abordadas e deliberadas pelo Poder
Judiciário, sobrepondo-se a decisão deste aos poderes Legislativo e Executivo.
De fato, há uma intensa discussão em voga sobre a ocorrência da judicialização,
uma vez que muito se questiona se essas determinadas questões não deveriam ser
tratadas pelos órgãos usuais: Congresso Nacional e/ou o Poder Executivo.
Muitas das opiniões contrárias
ao processo de judicialização fundamentam-se na premissa de que todos os
membros do Poder Judiciário não foram eleitos democraticamente para decidirem
sobre tais problemáticas, porém foram nomeados por outros processos de escolha.
Desse modo, eles estariam decidindo sobre assuntos pertinentes à sociedade
civil sem, entretanto, terem sido escolhidos de fato para assim o fazerem.
Recentemente, uma das questões
que foi alvo da judicialização, sendo discutida pelo Poder Judiciário e também
sendo responsável por reacender a discussão supramencionada, foi a temática da
união de casais homossexuais. De fato, nesse caso, o Poder Judiciário
determinou que era procedente a ocorrência das uniões homoafetivas,
reconhecendo-as como uma entidade familiar.
A decisão favorável à
minoria homoafetiva realizada pelo Poder Judiciário representou um grande
avanço rumo a uma maior igualdade formal entre os direitos dos homossexuais em
relação aos dos heterossexuais. Entretanto, faz-se de grande importância
levantar a questão de que se uma decisão como esta que foi tomada, favorável à
minoria LGBT, teria acontecido se fosse discutida e deliberada nos outros
órgãos, principalmente no Congresso Nacional.
Deveras, todos os membros do
Congresso Nacional foram eleitos democraticamente, sendo representantes diretos
das vontades da população brasileira. Contudo, é fundamental frisar que a
decisão que foi tomada em sintonia com os direitos dos homossexuais
dificilmente aconteceria no Congresso Nacional. É fato que tal órgão máximo do
Poder Legislativo apresenta um histórico de conservadorismo muito grande,
fazendo-se muito importante ressaltar as opiniões radicais da bancada
evangélica, por exemplo, claramente adeptas à visão ultrapassada de família
tradicional.
Além disso, os membros do
Poder Judiciário apresentam formação e profundo conhecimento intelectual, baseando-se
suas decisões na norma mais importante de um país que é a Constituição. Em
contrapartida, muitos membros do Congresso são ex-humoristas ou ex-jogadores de
futebol, ou seja, nunca haviam tido nenhum tipo de ligação mais aprofundada com
o regimento político-social do país. Para mais, é visível nas declarações de
muitos congressistas a mescla das opiniões particulares com seu discurso
político, não apresentando o texto constitucional como base para suas decisões.
Em verdade, é possível
afirmar que muitas das medidas que já foram tomadas e implementadas atualmente
não existiriam se não fosse pelo processo de judicialização (é o caso do aborto
de crianças anencéfalas, por exemplo). Dessa forma, faz-se muito importante a
ocorrência de tal processo no Brasil, uma vez que através dele será possível
resolver de forma imparcial e à luz da Constituição problemas e questões
históricas que jamais seriam resolvidas de tal modo pelo Poder Legislativo e/ou
Executivo.
Ester Segalla dos Passos - 1° ano (noturno)
Nenhum comentário:
Postar um comentário