O ser
humano não possui um modus operandi.
Dessa maneira, uma ciência que se pressupõe estudante dos seres humanos e suas
características não pode agir de maneira dogmática no seu elaborar de ideias e
montar e concluir de pesquisas.
Essa
concepção sobre como deve ser uma ciência humana, responsável por analisar os
homens e seus diferentes modos de pesar, agir e, principalmente, de ser é uma
das bases da teoria de Max Weber, sociólogo e filósofo alemão. Nela, Weber nos
deixa muito claro a real incapacidade de a sociologia, por exemplo, ter um
caráter “objetivo” – mesmo que tal característica seja buscada e desejada pelos
cientistas sociais através de uma análise suportada por um “tipo ideal”,
ferramenta psicológica criada por Weber para ajudar na edificação de pesquisas
empíricas mais neutras – em suas buscas sociológicas.
Diferentemente
das chamadas “ciências nomológicas”, atuais ciências biológicas –
caracterizadas pela elaboração de leis que regem os fenômenos da Terra de
maneira dogmática e absoluta, como é o caso da biologia, física, astronomia –
as “ciências sociais têm como objeto de estudo o ser humano, que é inconstante
em todos os seus âmbitos.
Uma
interessante explicação de Weber no que diz respeito ao por que da dificuldade de
obtenção de uma “objetividade” do conhecimento na ciência social está no
conceito de “individualismo metodológico”. Para o sociólogo alemão, um coletivo
é analisado segundo a observação de suas unidades, isto é, para adquirir
conhecimento sobre, por exemplo, um Estado, temos que ter um conhecimento sobre
o que o compõe, ou seja, seus cidadãos. O indivíduo sente, pensa, age, vê,
realiza, entende, enfim, existe. Assim, ao sabermos cada uma de suas
características, podemos interpretar e criar características do que seria o
coletivo desses indivíduos.
Numa
análise mais profunda sobre as ações dos seres humanos, vemos e nos é explicado
que essas são carregadas de certo juízo de valor, ou seja, toda ação de todos
os homens é movida por valores intrínsecos e pessoais. Disso discorre uma
conclusão de Weber que, numa observação de um indivíduo em específico, vemos
que, em seus diversos ciclos de convivência – como no núcleo familiar, de
amizade, profissional, etc. – diferentes e novas maneiras de ser são utilizadas.
Exemplificando, nos é nítida a diferença, num estudo pessoal, entre nossa
maneira de agir e ser num núcleo de amigos e nossa maneira de agir e ser num
núcleo profissional. Weber, através de exemplos parecidos com o utilizado
acima, nos mostra que o mundo subjetivo é, portanto, um domínio do juízo de
valor.
Sabendo,
então, dessa presente subjetividade da sociologia – ou qualquer outra ciência
humana – Weber nos cria uma ferramenta: o “tipo ideal”. Funcionando como um
tipo de parâmetro,
Um conceito ideal é normalmente uma
simplificação e generalização da realidade. Partindo desse modelo, é
possível analisar diversos fatos reais como desvios do ideal: Tais construções
(...) permitem-nos ver se, em traços particulares ou em seu caráter total, os
fenômenos se aproximam de uma de nossas construções, determinar o grau de
aproximação do fenômeno histórico e o tipo construído teoricamente. Sob esse
aspecto, a construção é simplesmente um recurso técnico que facilita uma
disposição e terminologia mais lúcidas (WEBER, citado por BARBOSA; QUINTANEIRO,
2002: 113).
facilitando,
portanto, a classificação dos objetos de estudo dessa inevitavelmente subjetiva
ciência humana e social.
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