A sociedade passou por diversas modificações no sistema
produtivo ao longo da história, que permitiram não só um maior número de
produtos em menor tempo nem a enorme (e problemática) acumulação de capital,
mas também a conversão dos meios de produção do indivíduo em meios de produção sociais.
A cada evolução que o maquinário sofria, se tornando mais
eficiente, mais os operários se afastavam daquilo que eles próprios produziam. Apesar
de serem os responsáveis pela existência de um bem, seu salário medíocre estava
longe do necessário para a posse deste, pois mal era suficiente para seu
sustento mínimo. Enquanto isso os capitalistas, donos dos meios de produção,
enriquecem às custas do proletariado e trilham ser caminho ao poder.
Enquanto a miséria assombrava a maior parte da população,
que crescia cada vez mais, a outra parte (burguesia) parecia estar sofrendo de
um terrível male que misteriosamente os deixava cegos em relação à situação das
pessoas às quais primeiro me referi. Por sorte alguns, como Henri de Saint-Simon,
Charles Fourier e Robert Owen, eram imunes a tal doença e perceberam que havia
algo errado e que isto deveria ser mudado. Assim surgiram os utopistas, que
lançaram as primeiras sementes do pensamento socialista, sem se importarem, porém,
com o caminho para alcançá-lo. Para eles o socialismo, por ser evidentemente
algo virtuoso, conquistaria o mundo apenas através de sua revelação. Mas isso
foi apenas um conto que precisava ser transformado até ser encaixado na
realidade.
E a partir de vários estudos sobre a história e a
sociedade, surgiu o socialismo científico, que tomou como principal fator que
possibilitaria as modificações necessárias a luta de classes, com conseqüente vitória
do proletariado e transformação do papel do Estado em representante efetivo de
toda a sociedade. As classes sociais chegariam ao ponto de desaparecem por
completo, junto com a dominação, tornando o Estado desnecessário e trazendo a valorização
da coletividade e a distribuição dos meios de produção antes concentrados nas mãos
de poucos.
As constantes crises em que o acúmulo de produtos e a falta
de consumidores causam enorme transtorno são indicativas do círculo vicioso em
que a forma de produção se encontra e da necessidade de mudança. Para encerrar,
coloco aqui dois trechos traduzidos da música “Do you hear the people singing?”
do musical Os Miseráveis, que apesar de tratar de um tema e um momento histórico diferentes dos abordados por Engels, traduz bem o sentimento
revolucionário de um povo que deseja a transformação de suas condições de vida.
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