Com a leitura da obra de Fredrich
Engels, observa-se que as diretrizes dos Estados na atualidade são muito
semelhantes as diretrizes firmadas pela dialética de Hegel. Diretrizes estas
que são pautadas no Estado racional, como algo material, algo que é concreto e
que possa ser expresso. Assim sendo, observa-se um Estado que parte de
princípios básicos como a troca de certas mercadorias ou da força de trabalho,
por elementos que representem algo de valor. Neste caso, o algo de valor seria
a moeda, ou simplesmente o dinheiro. Com isto observa-se que o Estado racional
é baseado na troca de capital entre os indivíduos, sendo um Estado pautado em
ideais burgueses.
Contudo,
é neste ponto que Engels pauta seu questionamento e sua análise sobre tal
Estado. Ao questionar e criticar se tal Estado possui o paraíso da liberdade,
da propriedade e da igualdade, Engels, em conjunto com Marx, demonstra que o
tal elevado Estado racional é uma organização que está imersa na pura anarquia.
Os meios de produção e a produção da mercadoria não pertencem àqueles que o
utilizam e fabricam, pertencem ao burguês. Este por sua vez, não é o dono dos
meios de produção pelo fato destes sempre estarem em constante evolução,
obrigando-o a acompanhar este ritmo frenético de mudanças para não ir à
bancarrota. Sendo que no caso das mercadorias o burguês as produz apenas para o
mercado, trocando-as por capital para acompanhar a evolução dos meios de produção.
Já o mercado cheio de competições e entraves se mostra uma terra de ninguém,
onde negócios são organizados tendo em vista a melhor situação para os
burgueses e não para a população. Com tal este modo de se organizar, observa-se
que o mercado está em caos devido a grande concorrência, ocasionando ciclos de
crises que ocorrem de tempos em tempos, desestabilizando a população e
principalmente o trabalhador que vende sua força de trabalho.
Após
tal análise, e observar a anarquia que Engels descreve, não fica difícil de
observar que o mesmo quadro se repete na atualidade. A anarquia do mercado é
algo que desestabiliza nações e suas economias. Exemplo mais prático que a
Bolha Imobiliária americana não há. Ao se observar ciclos de crises, é inegável
o fato de que o capital é algo que rege e coordena uma boa parte da sociedade.
Sendo que a principal parte que ele coordena é a parte referente ao trabalho.
Tal confirmação se dá devido ao fato do capital, ao incitar a evolução dos métodos
de trabalho, introduzir a maquinaria nos meios de trabalho. Assim, ao coordenar
o trabalho o capital acaba por entrar em uma atividade que é inerente ao ser
humano. Com o capitalismo retirando do homem algo lhe é ontológico. Esvaziando
tal atividade de seu sentido, tornando-o algo abstrato.
Com
o esvaziamento de algo inerente ao ser humano, e com isto causando a troca do
trabalho por algo tão abstrato quanto o capital, observa-se outra crítica à
sociedade. Tal crítica consiste no fato de ser necessário modificar o modo como
encarar a sociedade e a história dentro do Estado. Pois enquanto encararmos o
trabalho e o mercado como algo dominado pelo capital, e que está entregue a
anarquia, não será possível a construção de uma nova visão da história social e
das divisões de classe.
Sendo assim, para que surja uma dialética marxista que faça frente a dialética hegeliana, que é a base do Estado burguês racional, é necessário uma modificação na visão da história da sociedade. Deixando clara a necessidade de se modificar as “regras” vigentes na propriedade da produção e do mercado. Pois somente assim, os meios de produção poderão retornar para aqueles que realmente são os donos e responsáveis pela fabricação das mercadorias, e o mercado poderá sair desde ciclo de crises. Criando com isto uma sociedade de igualdade e estabilidade para todos, e longe do Estado racional idealizado pela burguesia, para a burguesia.
Leonardo de Morais Oliveira Lima - Direito/Noturno
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