Mergulhado no contexto renascentista, René Descartes inaugura o racionalismo ao publicar O Discurso do Método. O livro propõe o rompimento entre ciência e especulações. O conhecimento a partir de então deveria ter bases sólidas e a razão torna-se indispensável para explicar a realidade.
Utilizar-se da razão em detrimento das experiências e das imaterialidades não significa, porém, negar a existência de Deus, aquele ser capaz de legitimar os conceitos de perfeição e infinitude.
Surge, portanto, a grande contradição da obra de Descartes que ainda manifesta-se nos dias atuais. É possível a coexistência de ciência e religião? O fortalecimento do uso da razão deveria fazer cair por terra a crença em um ser misterioso e volátil que só se explica por uma subjetividade tão grande chamada fé?
A contrariedade de O Discurso do Método poderia explicar-se pelo momento histórico de transição da Idade Média para a Idade Moderna, período em que o poderio e a influência da Igreja Católica eram ainda demasiadamente fortes. Porém de lá para cá tantos avanços científicos e descobertas efetivaram-se e ainda assim as religiões arrebatam uma quantidade grande de fiéis.
Creio que, hoje, a explicação mais plausível para a busca do poder divino esteja na necessidade que os homens encontram em dar sentido às suas vidas.
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