O Discurso do Método, de René Descartes, propõe um modelo quase matemático para conduzir o pensamento humano, uma vez que a matemática tem por característica a certeza, a ausência de dúvidas. Segundo o próprio Descartes, parte da inspiração de seu método deveu-se a três sonhos ocorridos nos quais lhe havia ocorrido “a idéia de um método universal para encontrar a verdade.”
Em toda a obra permeia a autoridade da razão, conceito banal para o homem moderno, mas um tanto novo para o homem medieval (muito mais acostumado à autoridade eclesiástica). A autoridade dos sentidos (ou seja, as percepções do mundo) também é particularmente rejeitada; o conhecimento significativo, segundo o tratado, só pode ser atingido pela razão, abstraindo-se a distração dos sentidos. Uma das mais conhecidas frases do Discurso é Je pense, donc je suis (citada frequentemente em latim, cogito ergo sum; penso, logo existo): o ato de duvidar como indubitável, e as evidências de “pensar” e “existir” ligadas. Além dessa conclusão, Descartes também prova a existência de Deus, especifica critérios para a boa condução da razão e faz algumas demonstrações.
O Método, em seu aspecto de dividir, ordenar e classificar, é a base de muitos conceitos científicos que vieram a ser desenvolvidos nos anos subseqüentes, de grande importância para a humanidade: o sistema de coordenadas cartesiano, o cálculo, a geometria analítica e a disposição estatística em histogramas.
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