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domingo, 27 de março de 2011

A Evolução do Racionalismo

A partir da leitura dos capítulos 1, 4 e 6 da obra de René Descartes (O Discurso do Método) não pude deixar de, primeiramente, admirar-me com a a clareza da defesa de seus pensamentos (questão relacionada a existência de Deus, por exemplo) e, posteriomente, notar as consequências desses para as ideologias hegemônicas do seculo XXI (o racionalismo extremo, "mutação" nociva do racionalismo inaugurado por Descartes na Idade Moderna, por exemplo) mesmo quatro séculos após a morte de seu criador.
Se, ao dissertar sobre o racionalismo, Descartes nos mostra que o homem deve, a medida que sua existência permitir, buscar o conhecimento, superando as dúvidas, seu aspecto imperfeito, direcionando-se à, impossível, perfeição ou conhecimento total (Deus), através da razão, esse pensamento não deve ser entendido como forma de o homem satisfazer sua vaidade intelectual e sim, de acordo com o exposto no sexto capítulo, como forma de proporcionar o bem de toda a humanidade: "...e principalmente, para a conservação da saúde, que é sem dúvida o primeiro bem e a base de todos os outros bens desta vida".
Partindo dessa reflexão é possível perceber que na realidade atual convivemos com um racionalismo de objetivos deturpados, no qual ao invés da busca pelo bem coletivo tem-se a busca pelo bem individual, possivelmente uma influência que o racionalismo sofreu do capitalismo, que trouxe consigo o consumismo, o narcisismo e o individualismo. Outra deturpação dessa ideologia, notada na sociedade atual, é a relação de arrogância estabelecida entre o homem e a natureza, se Descartes disse que devemos "nos tornar como senhores e possuidores da natureza" deve-se entender a sentença como objetivo final do racionalismo, objetivo esse que o homem atual está longe de alcançar, pois ainda tem muito o que aprender. Portanto antes de buscar a dominção da natureza a humanidade deve procurar compreender mais sobre o quanto depende e é mais fraco que ela (número de mortes resultado de tragédias naturais como os atuais terremotos no Japão são provas do fracasso dessa relação de arrogância estabelecida entre homem e natureza).

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