O sociólogo francês Émile Durkheim, em sua obra “Educação e Sociologia”, reafirma a importância do Estado no processo educativo, classificando-se como um sistema interdependente entre a sociedade e a própria educação. Ademais, o autor postula que a educação envolveria também uma questão de autoridade, visto que enquadrando-se como fato social, ela seria responsável por moldar os indivíduos com a intenção de nos “subordinarmos a fins mais elevados” (DURKHEIM, p. 70-71, 2013), ou seja, as expectativas e costumes de um grupo socialmente dominante.
Durkheim define três características primitivas na construção do chamado “fato social”, sendo elas: coercitividade (referindo-se aos padrões sociais impostos e objetos de punição), generalidade (trata-se da concepção de coletividade na aplicação dos fatos) e exterioridade (os fatos sociais existem antes mesmo no nascimento de um indivíduo).
Na segunda parte do livro, o sociólogo aborda o conceito de “pedagogia”, que “reflete sobre os sistemas de educação” (não os estuda cientificamente) para fornecer ao educador, ideias que possam de alguma forma dirigi-lo (DURKHEIM, p. 86, 2013). Dessa forma, em síntese, Émile preza pela formação para servir a sociedade vigente. Em contrapartida, a obra “Pedagogia do Oprimido”, do famoso educador e filósofo Paulo Freire, representa a forma como a educação tradicional mantém o poder na mão dos poderosos por muito tempo. Sendo assim, para libertar os oprimidos de sua opressão, precisamos educá-los de maneira diferente. Segundo Freire, a conscientização só ocorreria com o diálogo entre alunos e professores, promovendo uma troca de conhecimentos entre esses dois núcleos.
“A educação faz sentido porque as mulheres e homens aprendem que através da aprendizagem podem fazerem-se e refazerem-se, porque mulheres e homens são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos como seres capazes de conhecerem.”
- Paulo Freire
Por fim, nota-se que essa percepção de enquadramento e massificação geral sofreu diversas mudanças ao longo do tempo. Além de Paulo Freire, outro autor de destaque no cenário brasileiro, seria o professor Rubem Alves, na defesa da escola como ferramenta que assegure a liberdade de pensamentos e contribua na construção de seres capazes de lutar contra um sistema estabelecido que aprisiona, e não liberta.
"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado."
- Rubem Alves
Sarah de Jesus Silva dos Santos
1º ano - Direito (Matutino)
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