A vida em comunidade se mostra como intrínseca ao ser humano, de modo a estar presente desde os primórdios dessa espécie. A formação de uma sociedade exige, de certo modo, a disposição de um Contrato entre esses entes que formem normas de convívio de maneira a visar a unidade daquele grupo. Dada essa perspectiva, Émile Durkheim, sociólogo francês, considerado muitas vezes o Pai dessa nova ciência que emergia sob as tensões da inaugural sociedade capitalista, distancia seu olhar para estruturar teorias que afirmavam a concepção de “Fatos Sociais” que de acordo com ele serviriam para manutenção das normas daquela sociedade através da Coesão dos Indivíduos por meio das Instituições Sociais, para ele, o indivíduo não poderia ser analisado de forma independente, mas sim com um olhar social geral em que ele se insere. Nesse sentido, é imperioso que se faça um analise sobre como as Instituições são, em analogia, pontes de hidrogênio nas ligações entre os átomos da água, fulcrais para manutenção e estruturação dos ideais de determinada sociedade, não deixando ainda, de tecer analises sobre como essas instituições encontram-se em situação de anomia dada a realidade brasiliana, sujeitas a romperem a tensão superficial que mantém a exterioridade dessas ligações.
Em
primeiro plano, é preciso atentar que as Instituições Sociais são partes
presentes na constituição da sociedade. Esses Constituintes Básicos do meio
social são o que alicerçam a sociedade que o induzem a formação indentitária das
pessoas presentes. De certa maneira, as Instituições Sociais buscam o indivíduo
desde seu nascimento para normatiza-lo com relações a regras e leis
fundamentadas anteriormente a sua existência, colocando-o de acordo com os
ideais já pré-dispostos naquela comunidade que se seguem por meio de
Instituições como a Família, primeiramente, e após, muitas vezes pela Igreja,
Idioma, Escola, Mídia, Cultura, Governo e a Lei. Todas esses Constituintes são
colocados como essenciais para vida em determinada sociedade, pois estão presentes
em todas as maneiras de vida em comunidade e baseiam a forma com que este indivíduo
deve se comportar para ser parte daquela formação social e, caso aja de maneira
diferente, este ser será coagido a mudar sua postura por meio de punições
psicológicas como a reclusão e a vergonha. Nesse sentido, as Instituições
configuram o indivíduo, de acordo com Durkheim o grupo “Pensa, sente e age de
um modo bem diferente do que fariam seus membros caso estivessem isolados”, com
isso uma pesquisa feita pelo sociólogo Erving Goffman mostrou que em locais
como prisões, conventos e manicômios a Instituição “se mostrava de maneira tão
dominante a ponto de as pessoas não conseguirem comer, dormir, se vestir e se
divertir sem a rotina estabelecida pela Instituição”. Assim, observa-se que as
Constituintes Sociais básicas representam espaços de normatização do indivíduo,
que assim como um átomo depende de outros para manutenção de sua estabilidade,
assim como seres em sociedade dependem um dos outros.
Ainda, uma das características das
Pontes de Hidrogênio é a formação de uma tensão superficial que pode ser
observada quando insetos e pequenos objetos se mantem na superfície da água, embora
impressionante, é preciso observar que é frágil e qualquer abalo pode romper essa camada de tensão constituindo, dessa forma, um panorama de anomia, de quebra.
Nesse interim, é preciso analisar como as Instituições Sociais performam,
muitas vezes, como perpetuadoras de desigualdades de tratamento na sociedade
hodierna, corroborando muitas vezes para sua anomia quando continuam com
discursos excludentes de caráter homofobico, machista, e racista que não
possuem mais lugar nas sociedades atuais, que em comunidades antigas, seriam
abraçadas e incorporadas ao ideário de desordem, logo, combatidas. Nesse
sentido, muitas das Instituições Sociais ainda corroboram à sua própria anomia
e, aos poucos, devem introduzir demandas necessárias destes grupos historicamente
excluídos. Tal panorama se dá pela imperiosidade de que, nas sociedades modernas, exista a existência da solidariedade orgânica, ao contrario da mecânica, não busca a
repressão, mas sim a restituição à sociedade de determinado indivíduo dada sua importância
como átomo que constitui dada molécula social, sendo importante em razão das inúmeras
divisões sociais do trabalho existentes que, por tal motivo, são interligados e
dependentes uns dos outros. Logo, caso as Instituições Sociais modernas não agreguem as demandas destes grupos e não restituírem os indivíduos que quebraram as regras, a tensão superficial se rompe e se configura em anomia.
Depreende-se, portanto que, inegavelmente, as Instituições Sociais são Constituintes presentes na vida dos indivíduos,
que moldam e caracterizam o ser, induzindo-o a uma identidade dentro de
determinada sociedade. Com isso, nas sociedades capitalistas modernas, dada o
grande numero de ligações entre os seres, a punição deixa de ser algo extremamente repressivo e excludente, passando a existir como algo que restitui o ser à vivencia, além de buscar corresponder a demanda dos diversos grupos sociais
antes excluídos a fim de evitar sua total anomia. Destarte, na atualidade, as
Instituições atuam como pontes de hidrogênio que ligam os indivíduos entre si,
moldam suas formações e sua presença em sociedade.
Retirado de : < https://www.casacienciabraga.org/ > |
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