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sexta-feira, 20 de maio de 2022

A coercitividade e o fato social condicionados ao contexto social

   No poema “ Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa” do heterônimo Álvaro de Campos de Fernando Pessoa, destacam-se os seguintes versos:

“Não me queiram converter a convicção: sou lúcido.

    Já disse: Sou lúcido.”

   Tais versos elucidam a capacidade do autor de vislumbrar o fato social. A teoria do fato social foi elaborada pelo filósofo francês Émile Durkheim no final do século XIX. Segundo Durkheim, os fatos sociais moldam a maneira de agir das pessoas pela influência que exercem sobre elas, tanto pelas leis ou por meio dos costumes e tradições. Dessa forma, apesar de Álvaro de Campos ter a plena consciência de que é submetido a certas convicções não pode escapar delas uma vez que, involuntariamente, desde o momento do nascimento desse indivíduo ele já está cercado de inúmeras influências que exercem um certo tipo de coerção para que a moral seja preservada (teoria da coercitividade). Um exemplo disso é a coerção da sociedade perante aos indivíduos para que andem vestidos. Embora alguns indivíduos tenham a lucidez de visualizar que tal ação não passa de uma regra de efeito moral, sua quebra indica penalidade, configurando-se, desse modo, como uma coerção.

    Portanto, é nítida a influência da coercitividade e do fato social na sociedade contemporânea, visto que ambos são regulados pela conduta moral vigente da sociedade de um determinado contexto. Ainda hoje, o andar nu é visto com maus olhos, no entanto, com o desenvolvimento da sociedade, condutas morais aceitáveis no passado passaram a ser condenadas e até mesmo penalizadas, um exemplo disso é a escravidão. Dessa forma, pode-se concluir que a determinação do modo de agir das pessoas e a coerção da sociedade giram em torno dos padrões aceitos em determinados contextos.


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