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quinta-feira, 21 de abril de 2022

O Verdadeiro Positivismo

 

Em um contexto revolucionário, no qual a agitação e o anseio eram arduamente presentes, e, ademais, com uma Ciência Natural já muito bem articulada – por Descartes e Bacon -, um estudo voltado ao campo social tornou-se, portanto, relevante. Dessa forma, Auguste Comte, a fim de criar uma corrente filosófica alicerçada pelos métodos cartesianos até então propostos, de compreender o mundo social de maneira aprofundada e de conter as subversões ameaçadoras da ordem, estruturou o chamado Positivismo - uma filosofia na qual as relações socais e suas regras seriam explicadas a partir de leis gerais elaboradas por meio da experiencia sensível.

Nesse sentido, Comte estabeleceu que haviam três estágios pelos quais as sociedades deveriam passar para alcançarem o amadurecimento e máximo desenvolvimento no que tange ao conhecimento: o primeiro e o segundo estados pautavam-se no viés Teológico-Metafísico – eram considerados inferiores por focarem suas análises em fenômenos sobrenaturais - e o terceiro, no Positivismo – era visto como superior por focar no real, útil e certo.

Sob essa perspectiva, o Positivismo tinha, como fulcro, a ordem, e o progresso como finalidade. No entanto, para conquistar tal sociedade ideal voltada ao conhecimento máximo, apenas a vinculação entre os fenômenos sociais era o suficiente e, assim, a explicação das desigualdades sociais, do preconceito e de outras importunidades não se faziam necessárias – buscava apenas leis gerais e não fazia uma análise crítica da sociedade.

Desse modo, embora aparente, de início, subversiva, uma vez que coloca o pensamento teológico vigente como inferior, em prol do conhecimento científico, tal pensamento é, na verdade, uma tentativa de conter a subversão das sociedades modernas – ou seja, apesar dessa corrente possua aparência inspiradora, sua ideia central contradiz com o intrínseco significado de progresso, haja vista a manutenção de impertinências sociais e o desinteresse por essas.

Nessa conjuntura, o progresso é, sobretudo, uma forma de controle social e o Positivismo visa, com sua base rasa de conhecimento, notadamente, apenas uma mudança que não comprometa a ordem já estruturada. Por fim, inúmeras vozes gritantes são silenciadas e a ideia de subversão torna-se, cada vez mais, uma contradição.

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