Partindo dessas diferentes concepções, ao analisar as tiras de Alexandre Beck é possível verificar a aplicação da teoria de Bacon acerca da relevância da obtenção do conhecimento através da prática, haja vista que o personagem Camilo ao ver o policial, automaticamente, o ligou a antigas situações por ele vividas, seus familiares e amigos, em virtude da cor de sua pele, relacionando assim a figura do oficial a violência e ao perigo, enquanto Dinho não teve a mesma reação, pois não vivencia o preconceito cotidianamente como seu amigo. Analogamente, na outra tira do autor, novamente é evidenciado a forma que o racismo, recorrente no Brasil, cria no personagem Camilo um conhecimento empírico que o faz criar hábitos que são estranhos a quem, baseado na razão e nas próprias vivências, como Dinho, não sofre com o preconceito.
Nesse contexto, vale ressaltar a teoria de Oracy Nogueira acerca do racismo, o qual afirma que existem duas vertentes dessa problemática, o de origem -preconceito baseado no genótipo- e o de marca -baseado no fenótipo- sendo, segundo o sociólogo, assim como exposto na tira, preponderante no Brasil o racismo de marca, o qual afeta a vida de milhares de indivíduos, como nas situações mostradas pela tira.
Em suma, por meio dos quadrinhos ficou evidente que, embora a razão seja um instrumento de grande importância na formulação do conhecimento, ela não deve ser a única coisa a ser levada em consideração ao analisar o comportamento humano, haja vista que a experiência é capaz de produzir conhecimento de forma igualmente relevante.
Danieli Calore Lalau- Direito Noturno.
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