A ação de
discernir o verdadeiro do falso pode ser compreendido, segundo descartes, como
a utilização do bom senso ou razão. Considerando a diversidade de costumes, que
implica, em pensamentos por caminhos diferenciados, mas mesmo com esse fator é
possível chegar em um bom consenso o qual esteja com o menor grau de
falsidades, visto que apesar de alguns andarem devagar, porém se forem sempre
pelo caminho retilíneo serão capazes de chegar no mesmo ponto ou até mesmo
avançar mais se comparado com aqueles que correm e se afastam da veracidade.
Assim, de acordo com a tirinha de alexandre beck verifica-se que o personagem
Camilo demonstra uma atitude de razão, visto que esse temo conhecimento do
perigo representado pela autoridade do soldado, isto é, há evidencia do racismo
que impede e causa receio exclusivamente no menino Camilo.
Dessa forma,
a critica esta relacionada com a falsa ideia de proteção prestada pelos
servidores públicos fardados em relação aos cidadãos, pois há discriminação e
desigualdades de tratamentos. Portanto, Armandinho possui uma falsa ideia de segurança,
enquanto Camilo com bom senso consegue constatar o perigo camuflado para si,
como verificado no fragmento de Descartes e sua obra Discurso do Método-
primeira parte “ talvez seja mais do que um pouco de cobre e vidro o que eu
tomo por ouro e diamantes. Sei como estamos sujeitos a nos enganar no que nos
diz respeito, e como também nos devem ser suspeitos os juízos de nossos amigos,
quando são a nosso favor”. Consequentemente, não basta ter o conhecimento formal
dos direitos e deveres descritos como garantias pelo ordenamento do país, mas
verificar a real situação do sistema social, assim como Descartes que
aproveitou o resto da juventude para viajar e analisar as ocorrências de forma empírica
no período o qual viveu; “[....] aprendi a não acreditar com demasiada convicção em nada do que me havia sido inculcado só pelo exemplo e pelo
hábito; e, dessa maneira pouco a pouco, livrei-me de muitos enganos que ofuscam
a nossa razão e nos tornar menos capazes de ouvir a razão”.
Além da preocupação em se alcançar a verdade, para
descartes, também há necessidade do compartilhamento de ideias e informações
entre o Estado e o povo, de forma que a consolidação da confiança mutua seria
capaz progredir a sociedade “[....] julguei que não havia melhor remédio contra
esses dois impedimentos a não ser comunicar com fidelidade ao público o pouco
que já tivesse descoberto...para que os últimos começassem onde os precedentes
houvessem acabado, e assim, somando as vidas e os trabalhos de muitos,
fôssemos, todos juntos, muito mais longe do que poderia ir cada um em
particular”. Entretanto, tal realidade persiste na desconfiança em que o
cidadão precisa provar e defender-se de acusações diretas ou indiretas feitas
pelo Estado, como verificado na seguinte tirinha:
Portanto, a tirinha acima ressalta ideias sofistas em que
nenhum conhecimento é absolutamente seguro e a desconfiança é perene, como foi
apresentado por Bacon em sua obra Novum Organum, “ A lógica tal como é usado
mais vale para consolidar e perpetuar erros, fundados em noções vulgares, que
para indagação da verdade, de sorte que é mais danosa que útil”. Consequentemente,
nota-se que há defasagens no quesito
reciprocidade de confiança e, assim, dificulta a construção continuada do
conhecimento de forma harmônica e publica, visto que, por meio representativo
da tirinha, ao invés do Estado fornecer à informação esse fica colhendo dados
particulares dos cidadãos que além de ser evasivo também demostra o dever do
povo de provar sua inocência.
Marisa Seiko Endo - direito noturno
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